domingo, 9 de março de 2014

O golpe do botijão de gás

Por José Mendes Pereira

Espertos para isso não faltam. Sim senhor!

Todos os tipos de trambicagens existem, mas fiscal de botijão de gás eu sendo sessentão, nunca tinha ouvido falar.

Chegou e se identificou. “-Sou fiscal de botijão de gás”. Pasta, camisa branca, gravata, de boa pinta e um crachá.

A minha irmã, Luzia Mendes Pereira, nascida e criada nos tabuleiros, estava diante de um grande homem, pelo menos como trambiqueiro; acreditou nas primeiras palavras do esperto.

- Sim senhor! As suas ordens! Pode entrar para verificar o botijão. Não há nenhuma irregularidade.


Assim que o esperto encostou-se ao botijão de gás, com um isqueiro, fez chamas e tocou fogo na mangueira do registro.

- Olhe, está com vazamento. – Disse ele já se apoderando do talão para fazer a multa. Eu vou fazer a multa.

- Multa? Mas por que multa? - Admirou-se Luzia.

- O botijão está irregular, e...

- Quanto é o valor da multa? – Perguntou-lhe Luzia já trêmula.

- Para esse caso é 50,00.

- 50,00 Reais? Eu não tenho, senhor!!

- Mas tem que pagar.

Luzia visitou a vizinhança, finalmente juntou a quantia e o entregou.

Jean Galdino, um filho, havia acompanhado o esperto trambiqueiro, e percebeu que ele propositalmente tocara fogo na mangueira do registro.

Paga a multa, o esperto trambiqueiro foi-se embora, tentando ganhar mais dinheiro com essa sua nova invenção.

Jean Galdino não se conformara. Pôs-se a dizer à mãe que não acreditava nesse tipo de fiscalização de botijão de gás. Rumou à delegacia, um posto policial que fica a 200 metros de sua casa.


Registrada a queixa, saiu em companhia dos policiais à procura do esperto fiscal de gás. Encontraram-no em um pequeno restaurante, já almoçando, e ao seu lado, uma bela e geladinha cerveja.

Assim que chegaram, um policial disse-lhe:

- Queremos falar com o senhor!

O folgado para dar tempo a uma suposta escapulida, disse-lhe:

- Deixem-me terminar de almoçar.

- Sim senhor! À vontade!

Lógico que talvez, não sei, a sua intenção era que os policiais se distraíssem, e com isso, seria fácil ele sair correndo de qualquer jeito.

Terminado o almoço, o folgado quis mais outra chance, que os policiais o deixassem fumar um cigarrinho. Mas os policiais não aceitaram, e logo o algemaram, e o conduziram para a delegacia.


Lá, na peia, informou às autoridades que queria voltar à sua terra natal, Pernambuco. Como não tinha condições para pagar a passagem, foi obrigado a usar este tipo de esperteza.

Três dias depois, Jean foi retirar a queixa para liberar o esperto, pois ele não tinha família em Mossoró, e não estava sendo alimentado.

O esperto foi-se embora sem que pagasse o seu erro. Apenas levou boas lapadas para limpar a alma da safadeza.

Minhas Simples Histórias 

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro. 

Fontes:

http://minhassimpleshistorias.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2011/09/o-golpe-do-botijao-de-gas.html

Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

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