sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Casa de Menores Mário Negócio - Uma instituição extinta - Parte VI

Por José Mendes Pereira


Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano:

Naquele estabelecimento de ensino não por vandalismo, coisa de adolescentes, e que nunca ninguém sofreu nenhum dano praticado por nós, internos, apenas era uma maneira de nos divertirmos com coisas simples, devido às privações e as regras do internato.

Revendo hoje na minha mente algumas astúcias que nós fizemos durante o tempo em que passamos naquela instituição, lembrei-me da despensa lotada de alimentos do bom e do melhor, onde ali era um verdadeiro mercadinho, com charque, carne de sol, jabá, sardinha, conserva enlatado, doce, rapadura, leite em pó, e tantos outros produtos de boa qualidade, tudo aquilo para o nosso sustento, mas com limites, e que nós não dávamos um prego em um isopor.


oqueealogistica.blogspot.com

Em noites variadas, noite sim, noite não, nós que já nos aproximávamos da maioridade, fazíamos o assalto à despensa da escola, quando ainda o estabelecimento era instalado na Avenida Alberto Maranhão, em frente ao posto paraibano, bem próximo à Praça conhecida por Praça do Alto da Conceição. E geralmente, nós dávamos início ao furto à despensa após as 11; 00 horas da noite, quando todos já haviam chegado das suas escolas; e também porque os internos menores já estavam dormindo.

Como ali existiam alunos que poderiam mexericar, o que nós aprontávamos, e um dos tais, Gutemberg (o trinta, já falecido), que me parece que era um dos 21 filhos da dona Candinha, do grupo dos sete que falam, evitávamos fazer o nosso furto diante dele, pois se nós déssemos chances, no dia seguinte chegaria à diretoria.

 Como ele gostava de noite sim noite não dormir na casa de um dos seus primos, com ordem da direção, só usávamos a despensa para furtarmos mercadorias para a nossa merenda, em noite que ele estava fora do ambiente escolar.


fofoqueiros -  andandonospassosdejesus.blogspot.com

Geralmente os que faziam o assalto à despensa eram: Willame, (o Tigá), este nos dias de hoje se encontra totalmente fora de si); Josué (o galego), e que não tenho roteiro por onde anda; Walter, o qual tenho dúvida se à sua cidade é Janduís;  Francisco de Souza (o nove), (segundo dona Maria de Lourdes, ex-zeladora de lá, informou-me que este fora assassinado há alguns anos).


Raimundo Feliciano e José Mendes Pereira

Mais você com suas malandragens, mas, apenas no intuito de  diversão; e eu, entre outros, que não posso revelar os seus nomes, porque eles faziam parte do corpo docente da escola.

Os demais alunos que ainda eram mirins não podiam saber deste nosso ataque à despensa, pois eles poderiam nos entregar às administradoras, e se isso acontecesse, nós estaríamos ferrados.

Como a fechadura da despensa era de boa qualidade jamais conseguimos chaves adequadas, e sendo o ambiente que guardava as mercadorias apenas de meia parede, um subia por cima, e de lá, ficavas jogando o que seria necessário para a nossa merenda reforçada e ilegal. E quem se encarregava de fazer a nossa merenda era Josué (o galego), que tinha mais habilidade para cozinhar. 

Terminada as nossas refeições limpávamos o enorme fogão industrial, lavávamos os pratos e colheres, colocando-os todos em seus devidos lugares, para que as empregadas não percebessem que  o fogão, colheres e pratos haviam sido usados na noite anterior. Cuidávamos de deixar tudo arrumadinho como elas haviam deixado ao saírem da escola. 

www.fisg.com.br

Mas com todas as espertezas que usamos por muito tempo naquela escola, nenhum de nós se dedicou a roubos, desonestos ou passou a ser marginal. Isto era apenas coisa de adolescentes.

Minhas Simples Histórias

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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O dia em que nós fomos despedidos da Casa de Menores Mário Negócio - Parte V

Por: José Mendes Pereira


Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano:

Ainda recordo como se fosse hoje, numa manhã ensombrada pelas nuvens, sem previsões de chuvas, o dia em que a nossa diretora dona Caboquinha, nos chamou em sua diretoria, e nos comunicou que aquela boa vida que nós tínhamos antes, naquela Casa de Menores Mário Negócio, havia chegado o fim, pois nós não tínhamos mais direito de continuarmos como internos daquela instituição, alegando-nos a nossa maioridade, por ser uma escola que abrigava alunos até que completasse 18 anos.

 O mês era novembro, o dia, se não me foge a memória, 26, mas o ano não tem como fugir da minha memória, foi em 1970, e neste mesmo ano, havíamos terminado os nossos sofrimentos no TG - Tiro de Guerra em Mossoró.

 
Raimundo Feliciano e José Mendes - ex-internos da Casa de Menores Mário Negócio

Aquela notícia de imediato era como se a gente tivesse sido atingido por uma perversa punhalada. O que era bom antes, agora seria difícil para procurarmos um lugar seguro, onde nós pudéssemos conviver em família. Os que ali ficaram não sabiam bem se o nosso amanhã, iria nos dar alimentos ao redor de outros que talvez substituíssem as nossas amizades de antes.

Lembro-me que a nossa convivência naquela casa seria até quarta-feira, que se aproximava. Você com seu jeito engraçado, apoderado daquele violão do Chico Pompilo, que com ele fazíamos as nossas serenatas, pôs-se a cantar uma música de Roberto Carlos, a qual estava sendo a mais tocada nas emissoras de rádio.

Não vou ficar

Há muito tempo eu vivi calado
Mas agora resolvi falar
Chegou a hora, tem que ser agora
E com você não posso mais ficar
Não vou ficar, não (não, não)
Não posso mais ficar, não, não, não
Não posso mais ficar, não

Toda verdade deve ser falada
E não vale nada se enganar
Não tem mais jeito, tudo está desfeito
E com você não posso mais ficar
Não vou ficar, não (não, não)
Não posso mais ficar, não, não, não (Não, não)
Não posso mais ficar não...

 

Após a nossa saída de lá você tomou rumo aos seus familiares, e como sempre foi responsável, trabalhou durante muitos anos com a família Negreiros, a qual tinha toda confiança e respeito à sua pessoa, e pelo seu profissionalismo, só os deixando quando os Negreiros mais velhos partiram para a eternidade.


 Aqui funciona o Cine Caiçara, Rádio Difusora e Editora Comercial S/A.

Assim como eu você também foi um que passou pela Editora Comercial S/A. Sei que foi por pouco tempo, porque a sua profissão não era manusear aquele quebra-cabeças de juntar letras por letras, para formar palavras ou conteúdos inteiros. 

Eu não quis voltar para os meus familiares porque de lá eu já tinha vindo, e a solução foi me alojar no Sindicado da Lavoura de Mossoró, hospedagem adquirida pelo meu pai, Pedro Nél Pereira, que era um dos membros da diretoria daquela instituição sindical.



Pedro Nél Pereira

A primeira noite em que dormi lá me senti como se fosse um sujeito rejeitado por Deus, pela sociedade, pelos amigos, sem pai, sem mãe e irmãos ao meu lado. Deitei-me e fiquei a olhar o teto, imaginando o teto que eu havia deixado para trás, seguro, com alimentação na hora certa, roupas e calçados se eu precisasse, acompanhado de uma porção de amigos. Eu ali sentia uma solidão que só eu sabia. Em alguns momentos, me levantei, fui até à porta e fiquei observando os transeuntes que àquelas horas ainda passavam para suas casas.


Transeuntes

Eu, em segredo, pelas rótulas da porta da frente, observava aquele movimento bastante restrito de pessoas que se deslocavam, e de repente, vinha um senhor ocupando toda a Rua Almirante Barroso, e em suas mãos, um objeto. Vi de imediato que era um bêbado que conduzia um cabresto, talvez para recolher um dos seus animais. As horas já se passavam, mas eu não tinha a mínima ideia o que os relógios da humanidade marcavam naquele momento. 


diocesedemossoro.blogspot.com 

Lembrei-me da matriz de Nosso Senhora da Conceição, e resolvi sair fora para ter ideia que horas o relógio da Igreja assinalava. E vi que os enormes ponteiros marcavam 2 horas da manhã. Retornei à rede e fiquei imaginando o que seria de mim no dia seguinte, onde eu iria tomar o primeiro café do dia, almoçar, e posteriormente o jantar. Mas finalmente, minutos depois eu adormeci, só acordando quando a assistente do dentista do sindicado (Dr. João Falcão), chegou para dar início aos seus trabalhos rotineiros.

Vivi dias e noites difíceis, alimentando-me muito mal, e se eu almoçava (na Churrascaria do Batista, na Alberto Maranhão com o cruzamento da Almirante Barroso), às vezes eu não jantava, por falta de dinheiro; eu ainda não era gráfico profissional, e ganhava muito pouco. Foram dias, meses tentando me adaptar a nova vida que eu havia ganhado.

Neste período de sofrimento eu era aluno do Ginásio Municipal, e que muitas vezes frequentei àquela escola sem jantar, mas nunca cheguei a nenhum dos meus amigos para contar o que estava se passando comigo. E para amenizar um pouco a falta de alimento em minha barriga, fumaça, fumaça, e feito isso,  o que me maltratava no momento, havia desaparecido, só retornando as mesmas crises horas depois.

Quando o meu pai me visitava no meu local de trabalho especulava-me sobre o meu passadio, se eu estava comendo todos os dias, se eu jantava, tomava café..., se eu estava necessitando de roupas e calçados. Mas eu o deixava sossegado, em paz, sem aperreios, para que ele, minha mãe e meus irmãos dormissem as noites inteiras sossegados.

O meu pai nunca fora rico, apenas era um homem que tinha um bom chiqueiro de caprinos, mais umas cabecinhas de bovinos. Ele sempre me dizia, que se eu estivesse necessitando de alguma coisa para tanger a vida, ele venderia alguns bichos miúdos. Mas eu lhe dizia que eu estava muito bem, obrigado, comia francamente, todos os dias.

Devido a minha situação difícil em alguns momentos pensei em retornar ao campo, voltar a viver àquela vida de camponês, trabalhando na agricultura, nos carnaubais, acordar três horas da madrugada para fazer empilhamentos das palhas das carnaubeiras, cuidando das criações, campeando o minúsculo rebanho de gado que o meu pai possuía, carregando água em ancoretas sobre o lombo de animais, ou sobre o meu próprio ombro.

Granjaceara.blogspot.com

Mas me veio o medo de passar por covarde, fraco, sem esperanças, desprovido de fé em Deus, e depois de imaginar tudo isto, decidi-me, tentar, valia a pena, desistir do sofrimento não era uma boa opção. Que eu seguisse o caminho para ver aonde eu iria chegar, do jeito que Deus havia determinado para mim. 

Para tomar intimidade com esta nova vida levei muitos dias para me acostumar,  e como sempre Deus está perto de nós, felizmente, um funcionário que trabalhava comigo na Editora Comercial, José Nogueira, filho de Aldenor Nogueira, resolveu ir morar em Natal, e a partir daí, fiquei assumindo o seu lugar, e passei a ganhar de igualdade com os outros profissionais.



Maria José Florêncio, José Mendes Pereira, Lá atrás, Moacir, José Nogueira e Raimundo Costa - os dois últimos já faleceram

Sofri muito, mas tudo que passei, valeu a pena. Estudei e sou formado pela Universidade Regional do Rio Grande do Norte - FURRN, nos dias de hoje, UERN. Já estou aposentado, pela Secretaria de Educação e tenho quatro filhos, todos, empregados, e tenho sete netos. Foi uma prova dada por Deus. Venci todos os obstáculos que um ser humano tem que enfrentar para contar a sua história. Hoje estou amparado pela divina graça do Deus todo poderoso.

Minhas Simples Histórias

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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Casa de Menores Mário Negócio - uma instituição extinta - Parte IV

Por: José Mendes Pereira

Amigo e irmão Raimundo Feliciano:

Ah, se os tempos voltassem para vivermos novamente aquelas façanhas, que de vez por outra nós as aprontávamos! Principalmente você, que não deixava ninguém quieto.

Sentirmos o cheiro do leite (mingau) que  bebíamos todas as manhãs, fornecido pelo programa do governo “Aliança para o Progresso”. Comermos aquele queijo de cor alaranjada; não tenho plena certeza, mas me parece que o seu nome era queijo do reino.

 
arranjodecraviola.blogspot.com

Almoçarmos belas comidas feitas pela cozinheira Beatriz Melo, que em matéria de cozinhar, era a melhor daquela instituição. Mas em contra partida, tínhamos um jantar muito fraco, sopa feita de caldo de feijão, sem nenhum gosto de carne, que até hoje, quando eu vejo sopa, não me sai da lembrança daqueles tempos.

À noite, ao chegarmos das nossas escolas, cada um recebia um pão com um taco de rapadura. Alguns deles não queriam, porque já haviam merendado fora. Mas aquele que merendava fora, era patrocinado pelos pais ou pelos parentes.


www.facebook.com

Fugirmos da presença da vice-diretora em busca de um lugar seguro, para fumarmos. Vício que ela mesma era dependente, e até hoje, tenho notícias que ainda fuma. Mesmo ela sendo fumante, combatia fortemente aos internos que também eram viciados


sindicacau.blogspot.com

Permanecermos nas calçadas da escola, após o jantar, vendo as lindas meninas passeando pelas ruas dos antigos igapós nas imediações dos Pereiros. Também para recebermos ligações de várias mocinhas, que viviam nos rodeando, como se nós fôssemos artistas. Coisas de meninas novas.

Foto: Que coisa, hein!

Nos anos sessenta - Raimundo Feliciano e José Mendes Pereira
Raimundo Feliciano e José Mendes Pereira

Lembro que duas vezes por semana, nós dois, saíamos em uma bicicleta cargueira até a  Ilha de Santa Luzia, à Rua General Péricles, na Mercearia do Zé Maia (cunhado da vice-diretora), para apanharmos uma porção de bananas para a escola,  e ao retornarmos, em vez de seguirmos para a instituição, ficávamos sobre


telescope.blog.uol.com.br 

a barragens Jerônimo Rosado, e ali, nós comíamos bananas em abundância, e jogávamos as cascas sobre a água, só para vermos elas passando de um lado para outro, através do deslizar das águas.


www.comereaprender.info 

O nosso medo era que ao chegarmos à escola, as bananas fossem contadas pelas empregadas ou pela vice-diretora. Mas felizmente isto nunca foi feito, apenas nós temíamos. E os assaltos às bananas continuavam. Mas tudo que nós fazíamos jamais nos ridicularizou, apenas praticávamos coisas de adolescentes.

Nos dias de hoje, tudo é diferente. Ninguém confia em ninguém. São poucos que praticam certas desordens, e abandonam ao se tornarem adultos. 

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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

CASA DE MENORES MÁRIO NEGÓCIO - UMA INSTITUIÇÃO EXTINTA - PARTE III

Por: José Mendes Pereira

Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano:

Foram tantas façanhas vividas por nós naquela escola nos anos sessenta e setenta, que aos poucos irei relembrando uma por uma. Foram fatos que nada nos ridicularizou, apenas fazíamos coisas que todos os adolescentes da nossa época faziam. Éramos uma família unida e nunca houve brigas entre nós. Vivíamos sobre severas ordens, mas vez por outra nós ultrapassávamos os limites, e estávamos a rirmos uns dos outros, devido as broncas que recebíamos da vice-diretora; e um dos mais capetas daquela instituição era você, meu mano, por não querer deixar ninguém quieto. Volta e meia você já aprontava uma contra alguém, mas jamais suas brincadeiras foram prejudiciais aos nossos amigos.


Raimundo Feliciano

Dona Caboquinha (Ana Salem de Miranda, a diretora, esposa do vice-prefeito de Mossoró, na época, Genildo Miranda), era para nós uma mãe de coração brando e grande, e em certos momentos, ria com aquele jeito angelical dela, pelas desordens que nós, internos fazíamos.
Ali, nós tínhamos o apoio do governo Estadual, e pelo Dr. Xavier, o verdadeiro mandachuva do SAM - Serviço de Assistência ao Menor, hoje, representado pela FEBEM. Nunca deixamos de usufruir dos nossos direitos, tínhamos tudo, menos bebidas e cigarros.

Hoje eu vou falar um pouco de coisas que antigamente eram difíceis, como por exemplo, uma das coisas mais difíceis, e  que não se via de jeito nenhum, era uma bela barriguinha de uma jovem, pois além do vestido, ela ainda usava por baixo uma  combinação e uma tal de anágua.


Não se via mulher usando vestido acima do joelho, e uma que com certeza era impossível se ver, a "calcinha". Nem nos varais se via uma estendida, apenas vez por outra, uma garota se abestalhava, deixando-a exposta quando se sentava em algum lugar.

Hoje, encontramos calcinhas expostas por todos os lugares que frequentamos; nas praias, nos festivais, nas casas de shows, nas escolas, e algumas mulheres fazem questão de tirá-las e rodopiá-las para jogarem no meio dos homens, principalmente oferecendo a cantores que animam shows. Mas isso é a evolução do tempo, e elas tem razão. "Quem quiser ver que a veja, ou tanto faz ver como saber que tem".

Mas Sebastião (que era natalense), João Batista, (lá de Massaranduba - município de Ceará Mirim, irmão do padre José de Anchieta, como nós o chamávamos), e eu, sempre tivemos as nossas oportunidades de vermos calcinhas sem muitos esforços, não em varais, mas em lindos corpos de mocinhas no auge do seu desenvolvimento, que gostavam de apanhar cajaranas lá no Pio XII.

Para quem não conheceu o Pio XII era uma repartição religiosa e dirigida por freiras, que funcionava em frente às primeiras caixas d'água de Mossoró, próximo ao Tiro de Guerra, e que esta instituição dava apoio a moças que tinham sido decepcionadas na vida amorosa, uma espécie de convento, eu não posso afirmar com clareza, e posteriormente ela foi desativada pela direção da Diocese de Mossoró.

Quando nós chegávamos ao Pio XII geralmente, lá, já nos últimos galhos da cajaraneira, duas lindas mocinhas pegavam cajaranas e jogavam para uma outra que estava em baixo. De espertos, nós ficávamos acompanhando a outra, recebendo as cajaranas jogadas pelas duas garotas. Mas o nosso intuito, não era recebermos as cajaranas jogadas, e sim, vermos as calcinhas das meninas.

Certo dia, não levamos sorte. Assim que entramos ao Pio XII, para fingirmos que estávamos colhendo cajaranas, tempo depois chegou um senhor, e ao ver as meninas nos altos galhos, e nós sob elas, esbravejou, ameaçando-nos com um pedaço de lenha da própria cajaraneira. E nós não contamos conversa. Saímos de lá às carreiras, com medo que o homem nos matasse de cacetadas. Dias depois, através de uma delas, soubemos que uma daquelas garotas era sua filha. Nunca mais colocamos os nossos pés lá no Pio XII. Mas o que nós fazíamos, geralmente eram coisas de adolescentes.

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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Casa de Menores Mário Negócio, uma Instituição extinta - Parte II

Por: José Mendes Pereira


Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano:

Os tempos se foram e nós continuamos aqui, para contarmos o que se passou naquela Casa de Menores. Devemos agradecer de coração ao nosso grande Deus, por ainda estarmos vivos.

Raimundo Feliciano e José Mendes Pereira em Tibau

Alguns do nosso tempo já estão lá com Deus, como por exemplos: O Edivaldo, não me recordo bem, mas me parece que era de Areia Branca. 
O Francisco de Sousa, vulgo Nove, que trabalhou algum tempo em uma farmácia de Maria Menezes, na Rua Mário Negócio, este infelizmente tive notícias que fora assassinado.

 Antonio Pereira da Silva (vulgo Toinho), meu primo e irmão de Galdino. Este, eu o coloquei na Editara Comercial S/A, mas resolveu ir para São Paulo. Lá trabalhou na fábrica de lâmpadas Silvana. Posteriormente retornou a Mossoró, mas era asmático, e certo dia faleceu.

 O Francisco Gutemberg (vulgo Trinta), chegou a ser engenheiro agrônomo, depois tentou medicina, mas não tenho informação se ele chegou a terminar o curso. Também já está com Deus.

 O nosso monitor, o José Fonseca (Zé Fonseca), que negociava ali próximo à Escola Estadual Jerônimo Rosado, dias antes da sua morte, eu estive em seu comércio, e eu não tinha informação que ele andava doente. Infelizmente  faleceu no mês de outubro de 2012.

 As empregas já se foi uma porção, e há dois anos passados, também se foi dona Tanô, a mãe do comerciante Nilson, estabelecido na Alberto Maranhão, em frente ao Mercado do Alto da Conceição.

 Dona Cristina de Tibãozinho, aquela que era zeladora da Casa de Menores, também já está com Deus.

 Outro que já se foi, o  Zé Dieb, primo legítimo de dona Caboquinha, e fornecia carne à Casa de Menores Mário Negócio. Este, você sempre gostava de aperreá-lo. Ele ficava irritadíssimo.

 Zé Maia, que fornecia bananas à Casa de Menores, e era casado com dona Socorro, filha de Elísio Vermelho, e cunhado da vice-diretora, a dona Severina Rocha, acredito que já faz uns quatro anos que faleceu.

O nosso grande amigo Willame (é assim que é escrito o seu nome -  vulgo Tigá), sempre tenho contato com ele aqui no grande Alto de São Manoel, mas infelizmente ele tem vagas lembranças da Casa de Menores, e em nenhum momento ele recorda o meu nome. Willame sempre foi responsável onde trabalhava, e esteve na Brahma, na fábrica de cimento, e até fora premiado várias vezes, por ser um dos funcionários que frequentava a fábrica durante todo ano, sem nenhuma falta. Mas ele se dedicou sem controle à bebedeira, deixando-o esquecido.

Hoje vamos nos lembrar das serestas que fazíamos pelos bairros de Mossoró, em companhia de Manoel Flor, Tigá, Galdino, meu primo, e o grande cantor Francisco José, o Quarenta, com aquele vozeirão, quebrava o nosso galho. Nós apenas tocávamos para ele, porque ele estava iniciando apontar algumas notas musicais. Ele é primo legítimo da cantora Amanda Costa. Francisco José teve oportunidade de gravar, sendo Amanda Costa a sua madrinha, mas devido a sua timidez, não chegou a gravar nenhum LP.


serestaseresteiros.blogspot.com

Lembro-me que nesta noite, fomos fazer uma seresta lá no bairro Boa Vista, na casa de uma das suas namoradas. Acompanhados de violão, mais uma garrafa de pinga, cigarros..., chegamos ao local.

Silenciosamente, abanquemo-nos na calçada. Quando o nosso cantor Francisco José abriu a boca e o vozeirão saiu, alguém abriu a porta. Era o pai da sua namorada, que nós pensávamos que ele iria nos mandar embora da sua calçada. Mas não era isto que ele queria fazer. Veio, e na mesma calçada, sentou-se ao nosso lado. Francisco José, como era tímido, não quis continuar a canção. Mas o velho nos disse que estava ali para ouvir aquela bela voz do cantor, e não para nos mandar embora. Ali, ficamos até altas horas da noite, acompanhados do pai da sua namorada, que mesmo sabendo que você estava perseguindo a filha dele, nos apoiou com muito respeito.

Na próxima história falarei dos nossos sofrimentos no Tiro de Guerra de Mossoró.

Minhas Simples Histórias

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