sábado, 31 de dezembro de 2016

DOCUMENTÁRIO PAIXÃO E GUERRA NO SERTÃO DE CANUDOS

https://www.youtube.com/watch?v=D4JutHnMj7w&feature=youtu.be

Paixão e Guerra no Sertão de Canudos [Documentário /1993 - Narração: José Wilker]

"Documentário produzido ao longo de 3 anos, "Paixão e Guerra no Sertão de Canudos" de Antônio Olavo conta a epopeia sertaneja de Canudos. No percurso de 180 cidades e povoados de Ceará, Pernambuco, Sergipe e Bahia, o vídeo reúne raros depoimentos de parentes de Antônio Conselheiro, contemporâneos da guerra, filhos de líderes guerrilheiros, historiadores, religiosos e militares."

Narração: José Wilker
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"Andanças de Conselheiro (feat. Dercio Marque)" por Fábio Paes ()

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sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

DO DIÁRIO DE UM SERTÃO

*Rangel Alves da Costa

POÇO REDONDO, SERTÃO SERGIPANO DO SÃO FRANCISCO, SITUADO NO POLÍGONO DAS SECAS, NA REGIÃO SEMIÁRIDA DO NORDESTE, CARACTERIZADO PELA VEGETAÇÃO ARBUSTIVA NORDESTINA, COM PREDOMINÂNCIA DE CACTÁCEAS. AS ESTIAGENS, COM SECAS PROLONGADAS, PERDURAM POR ANOS SEGUIDOS.


Estrada de asfalto nas rodovias e principais áreas de acesso. Estrada de chão poeirento e espinhento nos demais interiores e ao redor das povoações. Veredas que se alongam em meio ao que restou da mataria. Mas tudo como um campo aberto pelo desmatamento e morte das plantas pela ausência de chuvas.

O sol começa a afoguear já nas primeiras horas do dia. As noites já não são tão refrescantes como noutros tempos. Ao aproximar-se o meio-dia então tudo se transforma em fornalha. No céu sem nuvens, apenas o clarão que desce em quentura e desolação. De canto a outro e nunca se avista uma formação chuvosa.

Casebres e casinholas de beira de estrada e mais adentro, tudo parece abandonado. Casa fechadas ou de porta batendo sem aparecer vivalma. Mas os moradores continuam nos mesmos lugares onde estiveram, só que agora sem o ânimo para aparecer na janela ou caminhar fazendo uma coisa e outra pelos arredores ou na malhada.

São poucos, mas ainda são avistados os bichos próprios desse sertão. Ali e acolá andeja uma vaquinha magra, ossuda, tropeçando no próprio passo. Mais adiante um cachorro magro deitado a pouca sombra de um umbuzeiro. Jegue, cavalo, burro, tudo num só sofrimento pela falta do pão da terra e da fonte. Não há mais água e nem capim.

Comer o que? O que o bicho vai comer ou beber? Eis o santo sacrifício de tudo. Menino passa fome, mulher passa fome, velho passa fome, mas com o bicho é diferente. Assim diz o sertanejo. E por isso seu sofrimento quando já não há palma, não há resto de folha, não há qualquer broto no chão.

Da porta adentro uma tristeza só. Nada sobre o fogão de lenha. Num canto uma menina bonita brincando com uma velha boneca sem braços. Noutro canto um menino bonito brincando com ponta de vaca. Mas como conseguem brincar e até sorrir diante uma situação dessas?

Passa um calango correndo. Tem que correr para não acabar assado no fogo de chão. Não há caça nem fruta do mato. Desde muito que o preá deixou de correr pelos arredores e não há mais codorna ou nambu. A mata sertaneja já não existe. E onde não existe mata não pode existir caça, passarinho, avoante ou qualquer ser que faça ninho ou pouse no pé de pau.

Ante a seca devastadora, já não se consegue avistar plantas nativas nem aquelas que suportam as estiagens mais prolongadas. As catingueiras são magras, definhadas, acinzentadas e desnudas.

As cactáceas como o mandacaru, o xiquexique, a palma, o facheiro e a jurubeba, mesmo sendo adaptadas aos climas mais áridos e secos, já não suportam a força do sol e a queimação do calor. Igualmente a demais vegetação, também vão morrendo aos poucos.

Mas o sertanejo é o mesmo. E continua mais forte. Não haveria que se pensar diferente quando o sofrimento é tão grande e devastador e ele continua adiante da porta, no meio do tempo e debaixo do sol, tentando avistar nuvem de chuva, sonhando com pingo d’água, fazendo planos para o futuro.

Mas em Poço Redondo já são quatro anos de seca. Oito dias sem um pingo d’água na torneira. E agora sem água mineral pra vender. Só restam as bolhas de suor da luta. E quando acabar o suor?

Escritor
Membro da Academia de Letras de Aracaju
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quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

DAVID JURUBEBA UM HERÓI NAZARENO

Por Jose Irari

Livro que demonstra a força e valentia dos Nazarenos. São boas memórias descritas pelo valoroso Davi Jurubeba.  


O próprio Lampião muitas vezes afirmou que os Nazarenos eram inimigos destemidos. Fica a dica de leitura. 


Se você tem interesse de adquirir esta obra entre em contato com o professor Francisco Pereira Lima, ou através do seu e-mail: 
franpelima@bol.com.br

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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

MEMÓRIA GUARDADA EM RETALHOS

*Rangel Alves da Costa

O descuido provoca a destruição, não há como discordar de tal assertiva. Do mesmo modo, o desconhecimento da importância de coisas, relíquias e objetos, acaba com a desvalorização dos mesmos. Por consequência, aquilo que mais tarde poderia servir como boa recordação tem sumiço antes que se torne saudade.

Tais afirmações se voltam para uma perspectiva de sertão, de uma terra de inigualável riqueza histórica, mas cuja população parece não se dar conta de que sua vida e da vida familiar, bem como da própria feição sertaneja, pode ser guardada para as futuras gerações através da preservação de pequenas coisas. Simples objetos pessoais ou de uso familiar, bem como retratos, móveis e utensílios de uso cotidiano, mais tarde poderão servir para retratar um tempo passado.

A voracidade do tempo e os modismos vão apagando tudo numa rapidez quase sempre indesejada. Nada mais tem tempo de ficar velho, de ser colocado num canto após tanto uso, pois nada mais dura além do tempo de surgimento do novo. É o próprio espelho social que reflete o chamado aos modismos, a tudo que surge como novidade. O apelo é tanto que a maioria das pessoas, por vergonha ou vaidade, dá tudo de si para ter o que está sendo usado na novela televisiva.

Tal enxurrada modista, contudo, é de recente surgimento. Ao menos no sertão sergipano. Até os anos 80 ainda se valorizava o jeito próprio de ser e havia um cuidado especial – de amor mesmo – com cada objeto que guarnecia o lar da família. O apego era tanto que somente pela inevitabilidade do desgaste, coisas e objetos eram trocados por novidades. Mesmo assim não se jogava ao lixo aquilo que havia feito parte de gerações. Sempre havia um cantinho na casa para abrigar as relíquias.

Para uma ideia clara do que vem acontecendo, basta citar uma velha calça como exemplo. Não faz muito tempo que as roupas de uso, principalmente aquelas usadas nos ofícios do dia a dia, eram cuidadas com carinho todo especial. Desgastadas, velhinhas, quase sem cor, mas ainda assim sempre lavadas, passadas a ferro, cuidadosamente dobradas. E mais: remendadas todas as vezes que surgisse um buraquinho no tecido. Hoje em dia, antes mesmo que ela desbote logo vem o filho ou a filha para jogar no lixo. E coloca no seu lugar uma nova, de marca.


Outro exemplo. São raras as residências onde os armários e baús ainda guardam as recordações familiares. Costumei frequentar as casas sertanejas e sempre encontrava não só retratos de avôs, avós, pais e mães, de gerações inteiras, belamente emoldurados nas varandas, salas e quartos. Não só retratos de pessoas como figuras de santos, oratórios, jarros com flores de plástico, porta-retratos por cima de móveis de madeira envernizadas pelo tempo, até mesmo baús e pilões dos tempos da escravidão.

Hoje em dia é muito difícil encontrar algo assim. As casas estão enfeitadas com quadros de lojas, os móveis deixaram de ser de madeira para se tornarem de material prensado e frágil, os sofás coloridos e pouco duradouros, televisões de plasma, local para o computador e outras inovações tecnológicas. Tudo isso na mesma casa onde já avistei mesa de madeira de lei, tamborete, rede armada na varanda, oratório, santos de madeira por cima dos móveis, maravilhosos baús trabalhados à mão, verdadeiras relíquias de feições sertanejas.

Sim, verdade que os novos tempos chamam ao novo. Verdade que muitas dessas pessoas passaram até a se envergonhar dos objetos que guarneciam suas casas. E pensando na transformação como acompanhamento da realidade, acabaram trocando tudo por móveis e coisas de falsa beleza e cuja duração nem sempre vai além do pagamento da última prestação. E agora pergunto: o que fizeram das relíquias do passado, daqueles móveis maravilhosos, daqueles objetos que contam toda uma história?

Lamentável que hoje seja difícil encontrar qualquer antiguidade nas residências sertanejas, nem de uso nem por estar guardada. Candeeiro, lamparina, alguidar, suporte para bacia de lavar mãos, baú, oratório, cristaleira, tamborete, castiçal, jarro antigo, cabaças, cumbucas, tudo isso se tornou comumente difícil de ser encontrado. Até mesmo os retratos de família deixaram de enfeitar as paredes.

Quando indagados sobre os objetos antigos, os mais velhos geralmente afirmam que não sabem mais onde estão, que acham que deram fim. Quando perguntados sobre o mesmo, os mais jovens repetem que acabaram jogando no lixo tanta velharia. Quer dizer, com a desculpa de faxina e embelezamento, toda a história vai sendo menosprezada, relegada, jogada nos entulhos, se apagando de vez.

Não sabem, pois, que a história, a verdadeira história de um povo, é feita de retalhos. É feita de pedaços das tradições, dos costumes, dos usos, dos objetos, de tudo aquilo que fez parte da vida pessoal, da família, do meio social onde se gesta a vida. Há que se dizer que a vida é a história de tudo, de todo o percurso, e que por isso mesmo se afeiçoa a um museu. E não há museu da existência que faça entender o passado através somente do novo.

Escritor
Membro da Academia de Letras de Aracaju
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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

ENTREGA DOS TÍTULOS DE TERRA DO PROGRAMA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM CRUZ




Cruz. O Prefeito Municipal de Cruz Adauto Mendes, O Secretário de Agricultura do Município Carlos César, o Superintendente do IDACE Engenheiro Agrônomo Eduardo Barbosa, o Supervisor Regional da EMATERCE do Baixo Acaraú Engenheiro Agrônomo Antonio Cesar e duas técnicas do IDACE Sara e Joelma estiveram reunidos, no Auditório Municipal com os proprietários para entrega dos Títulos de Terras do Programa de Regularização Fundiária do Estado do Ceará.
 
Quatrocentos e setenta e cinco títulos foram entregues aos proprietários que passarão a ter suas terras documentadas em cartório de registro de imóveis, haja vista que a maioria das propriedades rurais não tinham documentos.

Cerca de 2.500 propriedades ainda apresentam algum tipo de pendência por isto ainda não puderam ser entregues seus títulos, mas, para sanar estas pendências, em janeiro próximo, será criado um Comitê de Regularização Fundiária com representantes da EMATERCE, Prefeitura, Sindicatos e Federação das Associações.