sábado, 24 de setembro de 2011

A vingança de Lampião contra o “Coronel” Zé Pereira

Por: José Romero Cardoso


O mais comentado combate entre cangaceiros comandados por Lampião e soldados sob as ordens do Major pernambucano Teófanes Ferraz Torres, famoso por ter capturado Antônio Silvino em 1914, ocorreu no ano de 1923, entre os municípios de Conceição do Piancó (PB) e São José do Belmonte (PE), na serra das panelas.
Essa feroz prova de fogo ficou famosa por que àquele que se tornava o “rei dos cangaceiros” foi ferido no tornozelo, além de perder importantes membros do bando, como Lavandeira e Cícero Costa, o farmacêutico do grupo.


Zacarias Sitônio e Hermosa Góes Sitônio rememoraram àqueles acontecimentos, narrando que Lampião ficou abandonado durante doze dias, no mato, agonizando. Quando o descobriram, o seu estado era desesperador, coberto de parasitas e com o pé preso à perna apenas por tendões.


A guarda pessoal de Marcolino Pereira Diniz o escoltou até os Patos de Irerê, localizado a 18 quilômetros de Princesa, reduto do poderoso “Coronel” José Pereira.

Coronel José Pereira

Marcolino, imortalizado por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira em famoso baião intitulado “Xanduzinha”, era sobrinho e cunhado do “Coronel” Zé Pereira, chefe político princesense de grande expressão na década de vinte do século passado.
Na malha impecavelmente protomafiosa montada por Lampião, Marcolino e o seu pai, o “Coronel” Marçal Florentino Diniz, compunham importantes agentes a serviço da proteção ao cangaço. Foram eles os principais responsáveis pela continuidade da carreira de bandido de Lampião. Convocaram médicos e serviçais para tratar do calcanhar que fora seriamente afetado, atingido no tiroteio da serra das panelas.
Em Nazarezinho (PB), outra questão da família Pereira era reclamada por um sertanejo de nome Francisco Pereira Dantas. Na ênfase ao rosário de ódio que começou a ser tecido quando da morte do patriarca deste ramo familiar espalhado pelo nordeste, houve convite de um pequeno comerciante desta localidade, de nome Chico Lopes, para raid dos bandoleiros à cidade de Sousa (PB), saqueada em 27 de julho de 1924. Foram comandantes do assalto os irmãos de Lampião, Antonio e Levino,Chico Pereira, Chico Lopes, Sabino Gório e um cangaceiro de nome Paizinho, responsável pela ação violenta de domínio da residência do magistrado local, Dr. Archimedes Souto Maior.
A rede de informantes de Lampião era precisa. Conforme Zacarias Sitônio e Hermosa Góes Sitônio, o chefe cangaceiro entrou em profunda angústia quando as notícias sobre a violência do ataque lhes chegaram. O bando havia se excedido em Sousa, responsabilizando-se pelas mais vexatórias e vergonhosas ofensas ao representante máximo da lei na cidade.
Astuto e sagaz, Virgulino sabia que sua estadia pacata e tranquila na região de Princesa estava definitivamente inviabilizada. Zé Pereira iria tomar providências drásticas no sentido de efetivar perseguição ao seu grupo. Era dever incontestável e indiscutível do político princesense levar avante campanha perseguitória ao cangaço sob o domínio de Lampião. E assim o fez.
Foi instalado Batalhão da Polícia Militar na cidade de Patos das Espinharas (PB). Os combates entre cangaceiros e volantes se intensificaram de forma impressionante, resultando na tragédia de Serrote Preto, na região de Água Branca (AL). Atraídos para uma armadilha, muitos soldados e oficiais paraibanos foram eliminados, diversos de maneira cruel.
Em seguida, continuando a haver refregas entre os dois lados, houve o assassinato de Levino Ferreira, primeiro irmão o “rei do cangaço” a perecer em luta. O confronto se deu, conforme os entrevistados, no ano de 1925 em uma localidade conhecida por Tenório, localizada na região de Flores do Pajeú (PE). Lampião culpou Zé Pereira pela perda do parente, jurando vingança.
O cangaceiro passou a atacar o gado pertencente ao “Coronel” Zé Pereira, bem como aos que pertenciam aos seus agregados e familiares. Iniciava-se a vingança implacável e perversa de Lampião.
As ações mais violentas foram registradas em dois lugarejos perdidos nas quebradas daquele sertão. Em propriedades conhecidas por “Caboré” e “Lagoa do Serrote”, os bandoleiros assassinaram diversas pessoas, incluindo entre estas um ancião que contava com mais de noventa anos e uma criança de apenas doze anos.
Amaldiçoando o solo paraibano pela perda do parente, Lampião deslocou sua área de atuação par o seu estado natal, onde a malha de coiteiros lhe serviu satisfatoriamente, articulada com o esquema criminosos estruturado em conluio com a rede de proteção ao banditismo rural que vicejava no sul do Ceará.


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