quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O homem que comandou Lampião -

Por: Marlene Anna Caleazzi

Sinhô Pereira - Foto de Cláudio Alves
No interior de Minas Gerais foi fotografado de frente pela primeira vez depois que saiu de sua terra natal, por volta de 1922, aquele que durante muito tempo teve fama de ser o terror do Nordeste: Sebastião Pereira, o Sinhô Pereira, comandante de Lampião.
Ao ouvir os boatos que Lampião, seu vizinho, amigo de infância e companheiro do início do cangaço, estaria vivo, foi categórico: “Lampião está morto, tenho certeza. Se estivesse vivo, ele me procuraria” Diante de tanta certeza, as dúvidas certamente desaparecerão, pois poucas pessoas conheceram tão bem quanto ele o Capitão Virgulino Ferreira.
A vida dos dois nordestinos lendários esteve estreitamente ligada por muitos anos, mas suas origens foram diversas. Sinhô Pereira descendente do Barão de Pajeú de Flores, fidalgo político que levou para Vila Bela, hoje, conhecida por Serra Talhada, a civilização europeia, com todos os seus requintes. Em sua casa existia boa música, bebidas finas e pratos de sofisticado estilo. Em sua fazenda, Pitombeira, ele costumava ter em enormes cômodas e arcas 300 redes de dormir, 300 travesseiros  e centenas de lençóis de linho para servir aos seus hóspedes. Sinhô ostentava, tanto pelo lado materno como paterno, o que nos sertões naquela época se chamava de “fina linhagem”.
No entanto, os Pereira viviam em luta com seus primos Carvalho, desde o início do império. Existem versões de que essa luta era tão antiga que vinha de Portugal. As duas famílias mandavam matar os seus homens, de emboscada ou a descoberto, a tiro ou com arma branca.
Num desses episódios sangrentos morreu Manuel Pereira da Silva Jacobina, conhecido pelo apelido de Padre Pereira, por ter estudado em seminário. Sua filha, dona Chiquinha, matrona destemerosa, achou que a vingança não devia tardar. E, para consumá-la, convocou nada menos que seu próprio filho Luiz, apelidado Luiz Padre.
Sinhô Pereira à direita e Luiz Padre à esquerda
Luiz planejou a morte do mais pacato dos Carvalho, Eustáquio (seu próprio avô era conhecido por ser homem de paz e a idéia era olho por olho! Executante da vindita: Né Dadu Pereira. Após a morte de Eustáquio, dona Chiquinha achou que seu filho Luiz passara a correr perigo constante. Chamou, então, o sobrinho Sebastião, que vivia em sua companhia desde que ficara órfão. E como fosse bravo e conhecedor de armas, colocou-o como uma espécie de guarda-costas do filho: "-De hoje em diante, Sebastião, disse ela, você acompanhará meu filho em todas as tarefas de briga e vingança”.
Foi assim que Sebastião Pereira passou a ser o rifle vingador por excelência de sua turbulenta família. Unido ao seu primo Luiz, quatro anos mais moço, apetrechados os dois de armas e ódios, quase acabaram com os Carvalho. Juntos, incendiaram toda a região do Pajeú. Mais de 100 combates travaram com as polícias de vários Estados nordestinos, além das lutas com os Carvalho. Acabaram  se transformando nos mais temíveis dos cangaceiros da época.
Entre 1920 e 1922, Sebastião já conhecido como Sinhô Pereira foi procurado por três jovens sertanejos, nascidos nas proximidades de sua casa e cujo pai trabalhava na fazenda  de sua família. Os jovens eram Antonio, Virgulino e Livino. Alegavam perseguições da polícia, contavam arbitrariedades e pediam para se alistar no bando. Aceitos, passaram a obedecer cegamente a Sinhô.
Família de Lampião
Os sangrentos acontecimentos que se sucederam são do conhecimento geral. E o próprio Sinhô Pereira, hoje com 81 anos de idade, vivendo pacatamente no interior de Minas, próximo da cidade de Patos, costuma contar. Entre os fatos que ele lembra mais vivamente está um encontro sangrento numa fazenda: “Nem gosto de falar, parece até mentira. Esta luta foi das últimas que enfrentei ao lado de Lampião. Éramos 11 contra 122”.
Por volta de 1922, Padre Cícero e outros políticos se esforçaram para que Sinhô e Luiz Padre, dois rapazes bem nascidos, deixassem o cangaço para ir tentar vida nova em Goiás.
Sinhô Pereira conta: “Aceitamos a proposta e começamos a empreender a fuga, uma verdadeira operação militar. Durante quase um ano tentamos contornar as barreiras policiais, colocadas em toda a parte. Eu tinha convidado Lampião para me seguir, nessa tentativa de escapar, e ele não aceitou. Achava que o cangaço era sua vida. Viemos dar com os costados em Dianópolis, eu e Luiz Padre. Nesse lugar, passamos a ser conhecidos como os piauis. Eu, particularmente, passei a ser chamado Chico Maranhão ou Chico Piauí. O Sinhô Pereira cangaceiro estava praticamente morto. Em Dianópolis, ficamos amigos do famoso caudilho Abílio Wolney. Luiz Padre casou com uma sobrinha dele. Mas por causa do assassinato do Major José Inácio de Barros, em que fomos injustamente envolvidos, começou a haver luta violenta entre os Wolney e nós, os piauís. A nossa vida se tornou muito difícil. Então fomos embora para Anápolis. Mais tarde, sempre procurando paz, seguimos para Minas sob a proteção do coronel Farnesi Dias Maciel. Os anos foram passando. Luiz Padre morreu em Anápolis, Goiás. Na Revolução de 30, cheguei a ser comandante de um destacamento revolucionário, em Minas. Depois, vim parar neste sertão. Não gosto que digam o nome do canto em que me meti, porque quero paz. E preciso ficar com minhas lembranças".
Na pequena vila em que ele vive ninguém sabe quem foi Sinhô Pereira. Ali é conhecido simplesmente como Chico Maranhão, dono de uma farmácia e capaz de dar um bom conselho a respeito de doenças. Ao seu lado, a neta e vários bisnetos. Na farmácia de Sinhô Pereira, também funciona uma agência de correio. E foi selando cartas que encontramos Sinhô Pereira, há 50 anos oculto dos fantasmas do seu passado.
Tranquilo e ainda rijo apesar da idade, ele diz: “Muitos crimes atribuídos a Lampião não foi ele quem praticou. Existe muita lenda em torno de Virgulino. Antes de tudo, fomos vingadores de injustiças. Foi pena ele não ter me acompanhado. Ainda guardo a carta que me enviou, explicando porque queria ficar no Nordeste. Entre outras coisas, era impressionante a ajuda que o povo dava a Lampião”.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Raymundo, da Lagoa do Lino

Por: Rubens Antonio

 [Rubens+2.jpg]

Uma personagem que desapareceu da História do Cangaço é a do senhor Raymundo, da antiga Fazenda Lagoa do Lino...

Quando as volantes dos então sargentos Fernandes e Zé Rufino chegaram à sede da fazenda, capturaram a sua dona, dona Cylira, e seu filho, Raymundo, então com 25 anos. Exigiram que informassem onde os cangaceiros estavam.

Zé Rufino

Raymundo sabia, mas disse que não poderia contar, pois os cangaceiros haviam dito que matariam todos os seus parentes se contasse... além de arrasar sua pequena propriedade.
Amarrado, Raymundo foi pinicado a facão, faca e canivete. Não contou nada, apesar da tortura.
Os policias só conseguiram chegar aos cangaceiros devido à indicação de uma menina, Maria Preta.
Partiram para executar Azulão, Zabelê, Canjica e Maria Dórea.
Deixaram para trás o fazendeiro que, por medo de vingança, somente a poucos contou algo do seu drama.
Acima, uma foto do "Raymundo, de Cylira", já idoso:


Blog do Professor: "Rubens Antonio"

CARIRI CANGAÇO: Penúltima palestra aconteceu em Juazeiro

CARIRI CANGAÇO encanta noite em Juazeiro do Norte

José Cícero ladeado por Manoel Severo e a Secretária Daniella Esmeraldo

Dep. Inácio Loiola discursa durante homenagem no Cariri Cangaço 2011 em JN





Na noite deste último sábado(24) às 20h aconteceu no Memorial Padre Cícero na cidade de Juazeiro do Norte o penúltimo evento do Cariri Cangaço 2011. Ocasião em que a Câmara de vereadores realizou sessão solene de concessão do título honorário de cidadão juazeirense ao deputado alagoano Inácio de Loiola Damasceno. A sessão foi presidida pelo presidente da casa, o vereador José de Amélia Júnior que no seu pronunciamento ressaltou o papel de Loiola na projeção do nome da cidade ciceropolitana através das suas pesquisas e defesa que faz da figura histórica do padre Cícero Romão Batista, assim como das potencialidades econômicas e culturais daquele município. O título também foi saudado pelo curador do Cariri Cangaço Manoel Severo que subiu a tribuna para agradecer o legislativo pela decisão e ao parlamentar por sua contribuição ao evento e as pesquisas nas terras alagoanas.
Num discurso dos mais bem elaborados e eloqüentes o deputado Inácio de Loiola, além de agradecer aos vereadores juazeirenses pelo tributo, também fez questão de expressar publicamente em sua fala, a grande importância do padre Cícero e do próprio Juazeiro para o Nordeste. “Padre Cícero foi um salvador de almas e semeador de bondade e sabedoria. A igreja deve, portanto a este homem, além da reabilitação a canonização”, enfatizou Inácio em seu pronunciamento.
De forma incisiva, externou ainda: “Melhor do que as palavras, fala o coração e aqui fala um coração sertanejo”, disse com emoção o parlamentar das Alagoas. Ainda, prosseguiu ele na sua oratória fazendo referência direta ao título: “...Somos agora de direito, o que já somos de fato: conterrâneos.” Sendo neste instante ovacionado pelos presentes. Ainda, sobre o santo padre, emendou:“a vida só é importante quando dedicada a fazer o bem. E o padre do Juazeiro fez isso a vida inteira”. Citou igualmente o pioneirismo do padre em relação ao seus preceitos acerca da defesa da natureza e do meio ambiente. Por fim, encerrou o seu pronunciamento parafraseando um poeta da sua terra: “Quero morrer como nasci: brasileiro, sertanejo, nordestino, Piranhense, alagoano e agora - juazeirense...” Foi fortemente aplaudido pela platéia.

Palestra do deputado Inácio de Loiola:

Em seguida, o homenageado que também é historiador e pesquisador do cangaço foi convidado novamente à tribuna para proferi palestra na penúltima noite do CC; sob o título - “Lampião, as volante e o mito” tendo a mesa sido formada pelos debatedores: O escritor Alcindo Costa de Poço Redondo-SE, o historiador Daniel Walquer de Juazeiro do Norte-CE, o secretário de cultura de Aurora-CE José Cícero, tendo como mediadora a secretária de Cultura do Crato-CE Daniella Esmeraldo. Com algumas intervenções do público, a exemplo do escritor Antonio Amaury, do cineasta Aderbal Nogueira, dos pesquisadores Ivanildo Silveira, Múcio Procópio dentre outros.
Uma comitiva formada por familiares e amigos do deputado Inácio Loiola, como também autoridades alagoanas esteve presente a sessão. Dentre as quais a esposa do parlamentar, a vice-prefeita de Piranhas-AL, o prefeito do município de Marechal Deodora-AL, o desembargador de Alagoas Dr. Washington Luiz, o secretário de cultura de Piranhas-AL Jairo Luiz, dentre outros. O prefeito de Juazeiro Manoel Santana esteve representado na ocasião pelo seu secretário de cultura e cantor Flávio Carneirinho. Logo depois, a coordenação geral do CC ofereceu um jantar no Hotel Paságada localizado na serra do Crato oportunidade onde o secretário José Cícero representando o prefeito de Aurora Adailton Macedo, agradeceu e se despediu de todos os pesquisadores visitantes que estiveram igualmente abrilhantando o evento aurorense na sua II edição 2011.

A solenidade:

Foi uma bela solenidade com um intenso sabor de saudade. Por assim dizer, fragmentos de uma magna camaradagem que durou praticamente uma semana inteira de andanças pelo solo sagrado do Cariri cearense. Passos na caatinga de cangaceiros e cangaceiras do conhecimento em busca quem sabe, do elo perdido na ânsia de lançar nova luz e novo olhar naquele que já se configura como o maior fenômeno sociológico dos sertões – o cangaço.
Uma confraria de grandes amigos e irmãos ligados fortemente como que pelos laços consangüíneos e inquebrantáveis de uma história que não quer calar, chamada cangaço e de uma saga apelidada de sertão. Uma luta sem fim. Um mergulho no universo quase indecifrável do oco do mundo. Protagonizada por uma incansável comitiva de entusiastas do conhecimento nordestino que visitara agora pela terceira vez(como se fosse a primeira) cerca de sete municípios caririenses(Crato, Barro, AURORA, Missão Velha, Barbalha, Porteiras e Juazeiro do Norte), numa série de seminários sobre os mais diversos temas sempre focados na temática sertaneja – tendo como pano de fundo, o cangaço nordestino, sob o título geral: da insurreição a sedição. Um ciclo de debates e de palestras que muito ajudará aos caririenses a melhor compreender parte importante da sua história em particular e do Nordeste em geral. De modo que se tivéssemos como sintetizar o CC 2011 numa única frase – esta seria inegavelmente: Empreitada de sucesso e entusiasmo!

O Cariri Cangaço - Encerramento:

Sem dúvida mais um evento primoroso, algo marcante para toda a região do Cariri coordenado magnificamente pelo seu curador – o inteligente e tenaz pesquisador do cangaço – Manoel Severo ao lado da sua esposa a competente secretária de cultura do ‘Cratinho de açúcar’ – Daniella Esmeraldo. Um acontecimento que, pela sua grandeza de objetivo sociocultural, artístico, histórico, científico e filosófico deveria despertar muito mais a opinião pública, os políticos, as universidades, o estudantes, os educandários, a imprensa e, notadamente, os que se dizem formadores de opinião de toda a região sul caririense.
Portanto, há que agradecermos como de resto, aos que tiveram esta visão um tanto pedagógica e decidiram apoiar o Cariri Cangaço que agora em sua 3ª edição, promoveu literalmente o reencontro do povo do Cariri e do Nordeste com sua própria história.
Durante o evento de Juazeiro, ainda no saguão de entrada do memorial foi oferecido um coquetel a todos os presentes.

O encerramento do CC 2011 aconteceu no auditório do hotel Pasárgada no Crato com palestra de Múcio Procópio: “A musicalidade Nordestina. Para os que gostam de um bom livro, o CC trouxe de volta a "latada cultural" com vários lançamentos, obras inéditas e também grandes raridades.


Da Redação do Blog de Aurora e da Seculte.

LEIA MAIS EM:

www.prosaeversojc.blogspot.com
www.cariricangaco.blogspot.com
www.seculetaurora.blogspot.com
www.aurora.ce.gov.br
www.jcaurora.blogspot.com
www.blogdaaurorajc.blogspot.com
jccariry@gmail.com


Cariri Cangaço em AURORA festa e celebração de uma história

Por: José Cícero


Mesa de abertura oficial do Cariri Cangaço em Aurora-CE.

Ângelo Osmiro, Lemuel Rodrigues, Adailton Macedo,
Manoel Severo e José Cícero

Prefeito Adailton Macedo durante seu discurso no evento

Imagens do II Seminário Cariri Cangaço 2011 em Aurora Noite de 21/09/2011

Depois da seção ocorrida na cidade de Barro no período da tarde, o Cariri Cangaço 2011 viveu na noite do último dia 21(quarta-feira) em AURORA certamente uma das suas edições mais brilhantes e concorridas. O seminário aurorense teve como tema: "Aurora – a trama da Ipueiras e a invasão de Mossoró" sendo ministrado pelo memorialista e pesquisador missãovelhense: João Bosco André.
O auditório do salão paroquial no centro da cidade pareceu pequeno para o grande número de pessoas que compareceu ao local. Uma grande gama de pesquisadores de 17 estados do Brasil esteve em Aurora para conferir de perto todas as discussões acerca do evento deste ano.
Às 15 horas o secretário de cultura José Cícero juntamente com a equipe da Seculte conduziu a comitiva de aurorenses interessada em conhecer de perto a celebre fazenda Ipueiras – antiga propriedade do coronel Izaías e Zé Cardoso, em cujo local ocorreu toda a trama para a invasão de Mossoró e, em seguida, o polêmico cerco e tentativa de envenenamento a Lampião junto com seu bando no dia 7 de julho de 1927, fato que ficou conhecido como ‘a traição do coronel Izaías Arruda e o fogo da Ipueiras"(ver fotos).
À noite a comitiva de estudiosos da temática do cangaço se dirigiu inicialmente para a antiga estação ferroviária onde no dia 4 de agosto de 1928 aconteceu o bárbaro assassinato do coronel Izaías Arruda pelos irmãos paulinos d'Aurora. logo em seguida, todos foram em caminhada para o auditório no centro da cidade para assistirem a apresentação do seminário.
O auditório do salão paroquial foi todo belíssimamente enfeitado com base na temática dos sertões nordestinos focando o cangaço e os seu persobagens. Além de uma mesa de degustação contendo diversos tipos de comidas e bebidas sertanejas e, que compuseram a dieta dos cangaceiros em suas andanças pelas bibocas do mundo. Estiveram presentes o prefeito Adailton Macedo, a 1ª dama Rose Macedo, Olavo Batista, vereadores, secretários municipais e autoridades convidadas de Aurora, bem como de várias cidades circunvizinhas.
Fazendo uso da palavra o curador do Cariri Cangaço na região Manoel Severo foi o primeiro a falar no auditório acentuando a participação de Aurora na história do cangaço, a partir da verdadeira saga de Lampião durante a sua ida e vinda à Mossoró. O prefeito Adailton Macedo por sua vez, externou sua satisfação e alegria diante da realização da 2ª edição do evento no seu município, dando assim a boas vindas a todos os presentes, em especial aos historiadores e pesquisadores do cangaço de diversas regiões do país. Ainda, ressaltou a importância de um acontecimento com a missão histórica do Cariri Cangaço, uma maneira(segundo ele) de melhor informar e trazer mais cultura para os aurorenses e a região como um todo. Finalizou dizendo que, além de contente com o CC colocava a sua cidade naquele dia, com um sentimento cosmopolita, aberta assim, para abraçar todos os visitantes da história. O prefeito Adailton, que já caíra nas graças dos pesquisadores desde o ano passado na estréia do CC em Aurora, desta feita, mais uma vez foi calorosamente aplaudido por todos que se encontrava no auditório.
Já o secretário José Cícero, falou que o CC era uma porta que se abriu mais uma vez para que os aurorenses pudessem enfim, externar para o Nordeste, o Brasil e o mundo seu grito reivindicatório no sentido de colocar Aurora no lugar que merece, ou seja, dentro do contexto da historio lampiônica e do cangaço de um modo geral, notadamente pelo protagonismo que exerceu diante da célebre trama para a invasão de Mossoró, tanto na ida quanto no retorno de Lampião na dura perseguição que sofreu por volantes de três estados, bem como pela figura ímpar do coronel Izaías Arruda e seus jagunços dentre outros personagens.
o escritor João de Sousa Lima de Paulo Afonso-BA, como mediador também falou durante a abertura dos trabalhos. A mesa de Aurora foi composta pelos seguintes pesquisadores: Grealdo Ferraz - Recide-PE, Arquimedes Marques - Aracaju - SE, João de Sousa Lima -Paulo Afonso- BA e José Cícero- Aurora - CE.
Foi um seminário marcado pela inteligente apresentação de Bosco André e, por via de conseqüência, pela participação nos debates de vários pesquisadores presentes, além de outras pessoas da platéia. O encerramento da seção de Aurora se deu com o oferecimento de um jantar aos visitantes pela gestão municipal, tendo como local as dependências do Centro Social Urbano(CSU) na vila Paulo Gonçalves.
No sábado(24) o secretário José Cícero participou como um dos debatedores convidados para a mesa da palestra sobre Chico Chicote e a tragédia das Guaribas no seminário da cidade de Porteiras, apresentado pelo Dr. Napoleão Tavares Neves; assim como na parte da noite da sessão da Câmara de vereadoresde Juazeiro dando o título honotário de cidadão juazeirense ao deputado alagoano Inácio de Loiola. Ato ocorrido no memorial padre Cícero, seguido da palestra do parlamentar homenageado sobre a morte de Lampião e as volantes.

Da Redação do Blog de Aurora:

LEIA MAIS EM:

ATENÇÃO: Veja na sequência: um slide com boa parte das Fotos do Cariri Cangaço em Aurora. Não perca!


Um pouco da entrevista da cangaceira Sila

Confira a transcrição da entrevista concedida pela saudosa ex cangaceira Sila à revista TPM edição nº 1, Maio de 2001.


Tpm. Como a senhora fazia para ficar bonita no meio do mato?

Sila - Só punha ouro, chapéu bonito, bornal todo enfeitado, roupa cheia de bordado. Eu tomava banho com perfume! Ainda hoje sou vaidosa. Só que hoje, se tomo um banho, me troco e não ponho perfume. Para mim, perfume me lembra de mato, e é como se eu não tivesse tomado banho. Às vezes, o cheiro de perfume ficava tão forte e tão ruim entre a gente, que teve muita história de a polícia achar cangaceiro por causa do fedor. Era muito quente, muita roupa, então suava...

Tpm. A senhora engravidou no meio do mato, né?

Sila - Umas três vezes.

Tpm. Onde a senhora deu à luz seu filho?

Sila - Pari no mato mesmo, lá por perto, onde tinha água. Estava com Maria, os homens saíram todos de perto. Comecei a sentir as dores, aí ela armou uma coberta no chão e eu deitei. Fiz muita força a tarde toda e, à noite, o menino nasceu. Foi ela que fez meu parto. Daí, os homens vieram correndo para ver como ele era. Nossa, eu sentia tanta dor, parecia que iam abrir minhas cadeiras, ave-maria... Aí, enfiei vários panos dentro da calça para estancar o sangue e seguimos viagem.

Tpm. O que aconteceu quando levaram a senhora?

Sila - Naquela noite que eles chegaram, meus primos arranjaram uma sanfona para tocar e vieram vários cangaceiros. Eu nem olhava na cara de Zé Sereno, só rezava: "Meu Deus, fazei com que esse homem não queira que eu saia" (quando os cangaceiros raptavam uma mulher, o termo usado era "sair", ou "tirar a moça"). Quando foi de manhã cedinho, a cangaceira Neném veio e disse que eu me preparasse para sair. Era sempre assim, eles mandavam uma mulher dar o aviso, desse jeito "encorajava" a outra. Saí com o vestido fino de baile que eu estava.

Tpm. Qual era o seu papel no bando? 

Sila - Eu costurava as minhas roupas, bornais... Não tinha obrigação de nada. Fazia o que queria, comia o que queria. Não tinha esse negócio de obrigação como dona-de-casa; eu era dona-do-mato.

Tpm. E, nos tiroteios, a senhora atirava?

Sila - Não, nunca precisei. Quase levei tiro na cabeça, isso sim, de estar deitada aqui e levantar um pedaço de terra assim do meu lado. A única mulher que atirou mesmo foi a Dadá (mulher de Corisco, passou a participar dos combates no lugar do marido, que teve parte dos braços amputados).

Corisco e Dadá

As outras não atiravam porque a nossa parte era só dar força aos maridos. Não sei, parece que eles confiavam muito na gente e a gente confiava muito neles.

Tpm. Como foi o tiroteio que matou Lampião? Onde vocês estavam?

Sila - O nosso bando encontrou com o de Lampião, que já estava lá em Angico (nome da fazenda em Sergipe onde Lampião morreu). Passamos muita sede até chegar lá, estávamos todos cansados. Quando foi de noite, Lampião tirou uma melancia e ofereceu para mim. Fomos eu e Maria chupar a melancia sentadas numa pedra, no alto de uma ribanceira. Ficamos lá, ela me convidou para fumar e ficamos falando as coisas de sempre, que aquilo não era vida. Foi a última conversa que ela teve. Enquanto a gente conversava, vi uma luz que acendia e apagava, até perguntei a ela se era uma lanterna. Ela disse que devia ser vaga-lume. Se eu tivesse descido e falado com Zé Sereno, não teria acontecido o que aconteceu, porque ele contaria a Lampião e todo mundo teria se equipado.

Tpm. A senhora deixou o cangaço depois da morte de Lampião?

Sila - Não, nós ainda ficamos um tempo no mato. Deixei só em 1938. Nos entregamos na Bahia, quando Zé Sereno recebeu uma carta do governo dizendo que o Getúlio Vargas ia dar ordem de anistia. Sem prisão nem nada, a gente ia ser livre. Chegamos em Salvador e aí nos separaram. Ficou eu, Dulce e uma outra que nunca mais vi, a Dinda, todas presas. Dulce dizia: "Mana, o que é que nós vamos fazer?" Aí, nós choramos, as três. Num lugar estranho, meu Deus. Cadê eles? Ninguém sabia...

  O cangaceiro Zé Sereno, marido de Sila, pouco antes de morrer, em 1981 - nessa época era inspetor de alunos em uma escola municipal em São Paulo.

No outro dia cedinho, Zé chegou para nos pegar e nos levaram para um quartel. Todo dia tinha uma chamada e a gente ia lá se apresentar. Ficamos lá até quando o Getúlio mandou a anistia.

Tpm. Quando a senhora chegou em São Paulo, as pessoas sabiam quem era? 

Sila - No trabalho, eu não contava não. Mas sempre acabavam descobrindo. A pior coisa que tinha era quando as crianças diziam: "Mãe, fulano disse que não quer brincar comigo, que sou filho de bandido". É duro, né? Eu dizia: "Vocês não são filhos de bandido, meus filhos, vocês são filhos de gente. Seu pai é Zé Sereno e eu sou sua mãe, somos gente que nem eles. Um dia vocês vão entender".

Tpm. Dá para comparar a violência de hoje, em São Paulo, com a que tinha no cangaço?

Sila - Já fui assaltada várias vezes. Aqui em São Paulo a gente não vive mais de tanto medo. Sai de casa e tem que ficar olhando para os lados, segurando a bolsa com força. Nunca apontaram uma arma para mim, mas já puxaram e levaram minha bolsa. Uma vez, saí correndo atrás de um trombadinha, catei ele pelo braço e fiz ele devolver a carteira. É diferente do cangaço... No mato, era a polícia que corria atrás, só tínhamos que ficar fugindo e fugindo. Roubava só fazendeiro que não dava o dinheiro por bem. Não tinha esse negócio de ladrão entrar na casa da gente sem ser convidado...

Tpm. A senhora tem saudade do Nordeste?

Sila - Ah... Se alguém me der uma passagem de volta, vou embora daqui...

Além dos pés de xique-xique e mandacaru, a caatinga é a terra onde brotou um dos mais peculiares movimentos da história do Brasil: o cangaço. No início do século XX, o povo morria de medo dos cangaceiros, que invadiam pequenas vilas espalhadas pela região atrás de comida, bebida, armas e jóias
Naqueles verdadeiros arrastões, homens comandados por Lampião aterrorizavam as mulheres e, não raro, carregavam-nas com o bando - essas, embora bem tratadas, já viram companheiras marcadas com ferro em brasa, como se faz com as vacas na fazenda. 
Durante os quase dez anos em que houve presença feminina no cangaço, elas foram unicamente parceiras sexuais. Muitas foram levadas de casa ainda virgens - algumas com 12 anos de idade! - e, já no bando, cada uma passava a 'pertencer' a um cangaceiro (Sila 'era de' Zé Sereno, líder de um bando leal a Lampião, com quem teve três filhos). Não cuidavam de nenhuma das tarefas que na época cabiam às mulheres executar. Eram os homens que cozinhavam e até costuravam. Uma ou outra, como a famosa Dadá, tinha o dom para as agulhas e os botões. Companheira do cangaceiro Corisco, lançou moda, sendo a grande responsável pelo colorido e a extravagância das roupas, chapéus e bornais com os quais todos se cobriam e que, tempos mais tarde.
O NAMORO NO CANGAÇO
Tpm. E com seu marido? A senhora não o namorava?
Sila - Ah, eu nem olhava pra cara dele, né? Um homem não via nem uma calcinha da sua mulher, não falava palavra feia perto da gente. Eu não sabia o que era namoro... Vou te dizer: eu nunca beijei, não sabia... Nossa vida era só andar, andar, andar, e pronto.
Tpm. Como foi a sua primeira noite com ele? 
Sila - Sabe como é... À noite foi aquela bagunça, cada um se encostou num canto. Zé tirou a alpercata dele e mandou eu calçar. Quando eu calcei, ele disse: "agora nunca mais você vai me deixar". De fato, nunca deixei mesmo. Acho que era uma simpatia porque eles acreditavam muito em reza, em oração, em tudo eles acreditavam.
Tpm. Então ele não foi nada carinhoso com a senhora...
Sila - Que carinho nada! Não tinha carinho nenhum! (Contrariada.) Ele nunca me beijou.
Tpm. A senhora já foi traída pelo seu marido?
Sila - Aaaaave-maria... Eu não sei como ainda tenho cabelo, viu?
Estilo CANGAÇO
Mesmo sem nenhuma ideia do que viria a ser o mundo fashion de hoje, as cangaceiras tinham estilo e lançaram tendência - a coleção outono/inverno 2001 da marca Forum, por exemplo, é inspirada nas vestimentas do cangaço. Elas adoravam cores fortes, todas misturadas. Laranja com azul, verde com vermelho, amarelo com azul, enfim, quanto mais chamativo melhor. Tudo isso bordado ou costurado nos bornais, chapéus e cantis. 
 Os desenhos podiam ser de formas geométricas ou flores. As roupas eram simples. Confeccionadas em gabardine ou mescla - tecidos grossos que resistiam aos espinhos do mato -, os vestidos eram retos, feitos em azul ou cinza.  
Caía bem uma ou outra costura com linhas brilhosas nos bolsos e lapelas. Bem diferente daquele cáqui e marrom que imaginamos. Aliás, Dadá, que era quem inventava os bordados mais bacanas, chegou a contar que o marrom só era vestido pela polícia.

Matéria completa Revista TPM
http://limagronomiacruzce@yahoo.com.br

sábado, 24 de setembro de 2011

FORMATURA DA MINHA FILHA PRYCYLA

Por: José Mendes Pereira

Administração



Luzia Paiva, sua tia, à esquerda. Prycyla Paiva, à direita


Luzia Paiva, à esquerda. Prycyla Paiva,
à direita


Prycyla Paiva, à esquerda. Luzia Paiva,
à direita


Da esquerda para direita:
Ana Luzia Paiva, prima. Luzia Paiva, tia.
Prycyla Paiva.
Clédina Paiva, prima.


Luzia Paiva Fernandes


David esposo, ..., Prycyla


 A formatura foi realizada no dia
11 de Fevereiro de 2011

http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2011/09/formatura-da-minha-filha-prycyla.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com