quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Deixa-me pegar nos peitos da minha mamãe, seu Luiz!

Por José Mendes Pereira

O título deste artigo parece um pouco ridículo, decepcionante, até para uma jovem que talvez tenha interesse de lê-lo. Mas não tenha medo, pode lê-lo, sem nenhum receio,  nele não há baixaria, e que você só irá saber o porquê deste título, quando chegar mais adiante.

Como eu já falei em outros escritos, que Pedro Nél Pereira não gostava de maltratar os seus animais, e por mais que um deles fosse bravo, sem querer o obedecer, procurava maneiras para não judiar com pancadas, açoites com chicotes; e usava apenas uma palavra cada vez que se aproximava do animal: "Chegue!, Chegue!..." E feito isto, aos poucos Pedro Nél chegava a dominá-lo sem rezas e sem nenhum tipo de  magia ou hipnotismo, vez que ele não conhecia nada disso.

 Pedro Nél Pereira

Aconteceu que na década de 90, Pedro Nél estava sem vaqueiro na sua pequena fazenda, e aguardava alguém que se oferecesse para cuidar dos seus animais, e com certeza não seria daqui de Mossoró, porque fazia mais de mês que muitos cuidadores de gado sabiam a falta de um vaqueiro em sua propriedade, e ainda não havia recebido visita de nenhum profissional.

Luiz Pereira natural da cidade de Upanema, um veterano derrubador de gado, encontrava-se desligado de fazendas, e  assim que tomou conhecimento da vaga na propriedade do Pedro Nél, deslocou-se até Mossoró, para uma possível negociação. 

E lá houve a negociação. Pedro Nél havia lhe dito que os seus animais eram tratados com carinho, e que ele não os maltratasse de forma alguma...; o novo vaqueiro propôs-lhe o leite das vacas como pagamento, isto é ele venderia a produção do líquido, dispensando um ordenado mensal, já que também as condições do proprietário não eram tão favoráveis. Negócio feito, negócio cumprido por ambas as partes.  

Mas o novo vaqueiro não tinha amor pelos os animais como tinha Pedro Nél. Sempre com pancadas, e vez por outra enfrentava os animais montado em um cavalo, coisa que Pedro Nél não fazia. Todos eles eram tangidos com apenas "Chegue".  "Chegue!". 

O que eu presenciei certa vez, ao pôr do sol, quando ele e eu estávamos sob o alpendre da casa grande, e lá ele iniciou uma reclamação sobre a maneira que seus animais estavam sendo tratados pelo o novo zelador.

O certo era que o Luiz, antes de 1 hora da tarde, já separava os bezerros das vacas, isto no intuito de uma melhor produção de leite no dia seguinte, deixando os bezerros sem o leite de cada final de tarde. 

Para incentivar mais ainda a reclamação de Pedro Nél, sobre o que fazia o vaqueiro, a bezerrada ficou com a cabeça sobre o muro que rodeia a casa grande. E ali, os bezerros iniciaram uma espécie de reclamação, berrando, urrando, chorando, como se estivesse enredando a Pedro Nél que o seu Luiz não deixava mais eles mamarem em suas mães nos finais das tardes.  

Ouvindo incontrolados os berros dos bezerros, Pedro Nél olhou para mim e disse: 

- Meu filho, eu me arrependi de ter colocado seu Luiz para tomar de conta dos meus bichinhos. Tanto zelo que eu tenho por eles, agora os vejo sendo maltratados. Assim que dá 1;00 hora da tarde, ele separa os bezerros das suas mães. E este alarido deles, é me reclamando, que eu fui um covarde para eles, entregando-os a um homem perverso e sem amor a animais. E também é como se cada um  deles estivesse me dizendo: "-Pedro Nél, peça a seu Luiz para me deixar pegar pelo menos nos peitos de mamãe. Eu não quero ficar dependurado nos peitos dela o resto da tarde.  Eu só quero é pegar e mais nada".


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Autor:
José Mendes Pereira

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