quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

ARTIGOS SOBRE O USO DO JALECO

Mau uso do jaleco é prejudicial à saúde


A Gazeta - 16.08.07 
É comum ver nas ruas profissionais da área de saúde andando com jaleco branco com a maior pretensão e a menor preocupação com o risco que a peça de roupa pode oferecer para outras pessoas. Pretensão porque, em muitos casos, sentem-se importantes pelo simples fato de estarem de branco e até passam um certo ar de arrogância. Mas ignoram ou passam por cima do fato de que essas roupas podem exalar infecção hospitalar. E a população, que não está nem um pouco interessada no ego desses profissionais de saúde, pode ser prejudicada. Mas, graças a um tecido desenvolvido por pesquisadores brasileiros, o risco da infecção hospitalar pode ser reduzido mesmo que esses profissionais insistam em usar jalecos nas ruas. Como o estudo foi feito no Brasil, a confecção pode do pano pode sair mais barata do que os importados já existentes no mercado.
O jaleco é usado por profissionais da área da saúde para protegê-los da contaminação dos ambientes em que geralmente trabalham como hospitais e laboratórios, por exemplo. Assim, apenas devem ser usados nesses lugares. Quando eles se ausentam dos locais, a primeira atitude a ser tomada é tirar essa vestimenta e colocá-la em um saco plástico. A roupa vai, então, para a lavagem. Apesar de a atitude correta ser essa, é comum, principalmente próximos a hospitais e outros centros de saúde, profissionais circulando tranqüilamente com seus jalecos que foram usados no ambiente contaminado. Assim, em vez de serem profissionais que promovam saúde, acabam virando pessoas que contribuem para a disseminação das doenças. O curioso nesta situação é que justamente o jaleco, que é uma das principais peças do equipamento de proteção individual acaba se tornando um material que contamina outros ambientes. Só para se ter uma idéia da seriedade do problema, nem nas cantinas dos próprios hospitais as pessoas devem circular com o jaleco.
Atualmente, há tecidos antibacterianos que são usados em muitas situações como, por exemplo, na confecção de uniformes esportivos. Os tecidos impedem a proliferação das bactérias e dessa forma evita que a pessoa produza odores desagradáveis. Além disso, esses tecidos têm várias utilidades. Eles podem ser usados até no auxílio da cicatrização de feridas quando ficam em contato com a pele. Porém, o que é novidade na pesquisa que foi realizada no Brasil é que os pesquisadores conseguiram obter esse tecido utilizando um tipo de fungo, o que é inédito no mundo. O estudo que foi feito por pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e da UMC (Universidade de Mogi das Cruzes) foi publicado, na edição do mês de junho, no periódico americano Journal of Biomedical Nanotechnology.
O estudo contribui para que hospitais, laboratórios e até empresas invistam na confecção do tecido e os custos podem ser menores do que os de uniformes esportivos importados. Assim, profissionais da saúde poderão evitar a proliferação de doenças mesmo se insistirem em cometer a gafe de andar com os jalecos fora do ambiente de trabalho. Contudo, não adianta imaginar que isso só irá resolver o problema das infecções hospitalares no Brasil. Muitas outras medidas precisam ser tomadas para tentar diminuir esse risco que é extremamente preocupante. Por ano, morrem 45 mil pessoas no país por causa de infecções hospitalares e isso gera um gasto anual para o governo. Outra medida que pode evitar e ajudar a reduzir muito essa condição é o simples ato de lavar as mãos com água e sabão depois de atender cada um dos pacientes. Por incrível que pareça, tem muitos profissionais na área da saúde que trabalham sem a menor idéia de higiene corporal.
Arlindo Aburad é dentista e doutor em Patologia Bucal pela USP e Patologista Bucal do CEOPE - Centro Estadual de Odontologia Para Pacientes Especiais.
 Lei proíbe uso de jalecos e instrumentos fora de hospitais

Na edição 129 do Jornal Oficial de Mossoró (JOM), publicada no dia 13 de janeiro, a prefeita Maria de Fátima Rosado (DEM) sancionou a Lei nº 2.830/2012, que dispõe sobre restrições do uso de vestimentas, instrumentos de uso clínico e equipamentos de proteção individual por estudantes e profissionais da saúde fora de ambientes hospitalares ou de estudo. A medida foi estabelecida no intuito de evitar a proliferação de bactérias e a contaminação da população.
Conforme a legislação, aprovada pela Câmara Municipal de Mossoró (CMM), de autoria do vereador Francisco José Júnior, fica proibida a utilização de jalecos, aventais, estetoscópios e Equipamentos de Proteção Individual (EPI), utilizados por estudantes, servidores, funcionários e profissionais da área da saúde fora dos ambientes hospitalares ou fora dos locais de estudo ou trabalho: clínicas, consultórios, laboratórios, farmácias.
A nova lei proíbe o uso dos equipamentos e vestimentas em estabelecimentos de qualquer natureza, entre eles, os comerciais, destinados a comercializarem alimentos e a servir refeições, tais como bares, lanchonetes, restaurantes, shoppings e similares, por possibilitarem a contaminação direta aos frequentadores.
De acordo com a norma, fica estipulada multa ao infrator no valor de mil reais, cobrada em dobro em caso de reincidência, sucessivamente, e fica estabelecida a multa de R$ 3 mil ao empregador ou à instituição inscrita nos equipamentos individuais de segurança do infrator.
A lei prevê ainda que os competentes conselhos regionais da área de saúde sejam notificados para a instauração de processo disciplinar contra o infrator.
Já os estabelecimentos sofrerão processo administrativo, podendo gerar a cassação da licença de funcionamento e, em caso de reincidência, a imediata cassação da licença de funcionamento.
O órgão que fará a aplicação das multas e realizará a fiscalização do cumprimento da lei será definido na regulamentação no prazo máximo de 60 dias a partir da data de publicação da norma.
Conselho Regional de Medicina do RN avalia decisão como positiva
O presidente do CRM/RN, Jeancarlo Fernandes Cavalcante, revela que São Paulo foi primeiro estado brasileiro a implantar a proibição do uso de jaleco e instrumentos clínicos por profissionais e estudantes da saúde fora de ambientes hospitalares ou de estudo, em junho do ano passado.
"É uma medida interessante, que será um aliado na prevenção das infecções cruzadas, ou seja, os equipamentos e vestimentas de utilização no ambiente hospitalar não servirão de fonte ou veículo de transmissão das infecções para o ambiente externo nem trará micro-organismos para a área hospitalar", reforça o presidente do CRM/RN, Jeancarlo Fernandes.
Em São Paulo, quem desrespeitar a lei estadual está sujeito à multa de R$ 174,50, sendo que o valor dobra em caso de reincidência.
O Mossoroense, 18/01/2010







São Paulo proíbe uso de jaleco fora do hospital
Médicos que desrespeitarem a lei estarão sujeitos a pagar multa de 174,50 reais
Natalia Cuminale

Governo de São Paulo vetou o uso de jaleco fora do ambiente de trabalho (Thinkstock)
"Não há nenhuma evidência de que a roupa do médico seja um fator de infecção hospitalar ." — Hélio Arthur Bacha, presidente do departamento de infectologia da Associação Paulista de Medicina
Em São Paulo, os médicos estão proibidos de usar jaleco fora do ambiente de trabalho. Quem desrespeitar a lei estadual, publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial do Estado, está sujeito à multa de 174,50 reais. O valor dobra em caso de reincidência. O objetivo é impedir que os jalecos sirvam de fonte e veículo de transmissão de micro-organismos.

Mas as chances de se tornar “letra morta” são grandes. Ainda não está definido quais são as formas de fiscalização e de aplicação da multa. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, por enquanto, a infração à legislação não terá efeito punitivo. A Secretaria ainda afirma que será realizada uma campanha de conscientização e adesão à lei.

Estudo — Uma pesquisa publicada em setembro do ano passado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) mostrou a presença maciça de bactérias em jalecos médicos. Foram analisados, por duas pesquisadoras, 48 alunos que utilizavam jaleco. Os resultados foram alarmantes: 95,8% estavam contaminados. Entre as bactérias encontradas, havia a Staphylococcus aureus, principal responsável pelas infecções hospitalares.

Segundo o estudo, mangas e bolsos são as áreas mais contaminadas. O estudo ainda levou em consideração a diferença entre o dia da semana. Segundo o levantamento, os jalecos apresentavam maior quantidade de micro-organismos na quinta-feira do que na segunda – o que indica que os médicos utilizam a peça mais de uma vez sem lavar. Os pesquisadores acrescentam que os micro-organismos podem sobreviver entre 10 e 98 dias em tecidos encontrados em hospitais, como algodão e poliéster.

Maria Elisa Zuliani Maluf, coordenadora da pesquisa e professora titular de Microbiologia da PUC-SP, afirma que outros materiais utilizados por médicos também estão contaminados. Um estudo mostrou que 90% dos estetoscópios, utilizado para auscultar o coração, estavam contaminados. Outra pesquisa indicou que os aparelhos celulares dos médicos possuíam mais bactérias do que os celulares do restante da população. "O uso do jaleco é uma questão de conscientização e de bom senso. É preciso evitar a banalização dessa vestimenta e manter a higienização", afirma.

A pesquisadora explica que o jaleco é considerado um equipamento de proteção individual (EPI), que tem como finalidade de proteger o médico e outros profissionais da área de medicina contra uma eventual contaminação pelo paciente.

Na medicina, o avental branco é utilizado há pelo menos 100 anos. Ele funciona como um símbolo de respeito, status e diferenciação entre o médico e o paciente. No passado, os cirurgiões usavam aventais. Quanto mais sujos com sangue, maior era o prestigio entre os colegas. Uma pesquisa realizada pelo Royal Free Hospital em 2004, em Londres, mostrou que a maioria dos pacientes prefere que os médicos utilizem jalecos.

Repercussão — Para Hélio Arthur Bacha, presidente do departamento de infectologia da Associação Paulista de Medicina, essa lei não traz nenhum benefício e é antieducativa. "Estamos discutindo paradigmas da infecção hospitalar. Uma coisa é a prescrição de antibióticos irresponsavelmente e o impacto disso no tipo de tratamento de um paciente. Mas não há nenhuma evidência de que a roupa do médico seja um fator de infecção hospitalar em áreas onde não há restrição", diz.

Renato Azevedo Júnior, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), concorda que não há comprovação de causa e efeito. "Se fosse assim, o médico ficaria doente, o familiar do médico também ficaria mais doente que a população geral", sugere. "Mais importante do que criar uma lei como essa, é fazer uma campanha para que os médicos lavem as mãos. Elas sim são as principais transmissoras de bactérias", afirma Júnior.

Postado por: Dr. Lima




Nenhum comentário:

Postar um comentário