quinta-feira, 16 de março de 2017

LEMBRANÇAS E SAUDADES

Por Kydelmir Dantas

No Dia da Poesia
Eu lembro ainda criança
Quando pelo Rádio ouvia
Do inverno a esperança.
Vi viola, ouvi pandeiro
Tocar ali no terreiro
E o povo na contra-dança.

Lembro de dona Angelita
Sorriso belo, voz mansa.
Chamando nós pra rezar
Agradecendo a bonança,
D’um ano bom de inverno.
E de seu Né com um terno
Lhe convidando pra dança.

Lembro do terreiro limpo
Lá no meu sítio São João
De Dona de João Tavares
No batente do oitão
Arrebanhando menino
As meninas se vestindo
Pr’assistir uma função.

Lembro as tias Cecília,
Dolores, Dária e Maria.
Que nos recebiam sempre
Com carinho e alegria.
Os tios, o tempo ‘levô’
José, Chico e Sinhô,
Pros mundos de ‘até um dia’.

Me recordo ainda mais
De Basto e seu mamulengo
Das festas do Pastoril
D’uma favada no quengo.
E o ‘chucái’ da boiada
Com aquela velha toada
Lengo, tengo, lengo tengo.

Relembro manos e manas:
Nenê, Babá e o Mima.
Kênia, Kilma e Raony
Este Deus chamou pra cima.
Ainda são meus amores,
Já que não posso dar flores,
Os presenteio com rima.

Lembro demais, é verdade,
Do parque de diversão
Nas festas do Padroeiro,
De ano novo e São João.
Aí, me dá a vontade
De chorar, mas com saudade,
Dos tempos que lá se vão!

14 de março de 2017.

Kydelmir Dantas é da cidade de Nova Floresta (PB), poeta, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano.

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