terça-feira, 22 de setembro de 2015

O BANQUEIRO DE MOSSORÓ - PARTE I

Por Mariana Gadelha
 Sebastião Fernandes Gurgel - 1946 -www.azougue.org

Sebastião Fernandes Gurgel era filho de fazendeiros na cidade de Caraúbas, mas foi em Mossoró que trilhou caminho de sucesso no comércio e fundou a Casa Bancária S. Gurgel, primeiro banco privado da região. Além de ter forte participação na vida social mossoroense. escreveu um diário cujas anotações foram transformadas em livro. Trata-se do bisavô do empresário Flávio Rocha, presidente das Lojas Riachuelo. 

Casa Bancária S. Gurgel - 1946 - www.azougue.org

No início do século XX, um homem visionário deixou a vida pacata e farta na fazenda da família em Caraúbas, interior do Rio Grande do Norte, para buscar outros caminhos na cidade de Mossoró. Foi no segundo maior município do Estado que Sebastião Fernandes Gurgel se aventurou no mundo dos negócios e, apesar da pouca instrução, chegou a criar o primeiro banco privado da cidade. Também foi na chamada capital do Oeste que o empreendedor casou-se com Elisa Diniz Rocha, e com ela criou os seis filhos, Judilita, Maria José, Sebastião Filho, José, Raimundo e Francisco Mauro da Rocha Gurgel. Apesar da extensa família e dos negócios para administrar, Sebastião ainda encontrava tempo para escrever em seu diário particular, cujas páginas foram transformadas em livro e servem de fonte para pesquisas de acontecimentos importantes na histórias de Mossoró e do Brasil.

Nascido no dia 6 de fevereiro de 1889 na fazenda "Baixa Fria", em Caraúbas, Sebastião mudou-se para Mossoró em Julho de 1910, onde criou a fima S. Gurgel Cia., um grande empório de tecidos vendidos em atacado e a varejo. O filho Raimundo Gurgel, hoje com 91 anos de idade, lembra que na época a empresa abastecia o comércio do Rio Grande do Norte e da Paraíba, e para atender ao mercado promissor seu pai fazia constantes viagens de navio até o Rio de Janeiro. Foram em média 25 idas e vindas à Cidade Maravilhosa, partindo sempre de Areia Branca, na região da Costa Branca.

"O negócio ia além de tecidos, pois meu pai trazia todo tipo de mercadoria para vender aos clientes: louças, ferragens, materiais de construção, entre outros. Recordo, inclusive, que uma vez ele trouxe dois mil sapatos franceses", diz o quinto filho do empreendedor que manteve esse ramo de atividade por longos anos, mesmo depois da enchente do Rio Mossoró, em 1924, quando seu estabelecimento foi ameaçado de desmoronamento. Após o ocorrido, Sebastião "reformou todo o prédio da Rua Vicente Sabóia e Praça Rodolfo Fernandes, reinaugurando com pomposo acontecimento para a cidade", narra Fernando Diniz Rocha no livro "Delmiro Rocha - Histórias, Origem e Descendência", escrito em parceria com pesquisador Misherlany Gouthier.

Na década de 1940, o comerciante decidiu inovar mais uma vez e assumiu o posto de banqueiro com a Fundação da Casa Bancária S. Gurgel, inaugurada em 1º de maio de 1942. Permaneceu à frente do negócio  até 1960, quando se mudou para Natal e passou os últimos anos de sua vida. Raimundo ficou no lugar do patriarca e deu continuidade a administração do empreendimento que surgiu a partir da credibilidade depositada pelos mossoroenses. em Sebastião. Ele era 100% honesto e cultivava a estima da comunidade. Muitos entregavam suas economias para meu pai administrar, com o tempo esse dinheiro avolumou-se e levou à criação da casa bancária, que depois foi transformada em banco por medida da Superintendência da Moeda e do Crédito, hoje Banco Central do Brasil", compartilha o herdeiro.

CONTINUA...

Fonte: Revista BZZZ

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