quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

PROFESSORA ALZIRA, BRAVA MULHER CRUZENSE

PROFESSORA ALZIRA, BRAVA MULHER CRUZENSE

 
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Professora Alzira Nunes - Cruz/CE
A professora Alzira Nunes Brandão, ou Alzirinha como é carinhosamente conhecida e chamada por todos aqueles que com ela tem a honra de conviver, foi homenageada dia 1º de janeiro, sendo a primeira entrevistada do Programa A Comunidade e o Cidadão, em 2013, da Rádio ZYL – 383 – FM Comunitária 6 de Abril.
A luta em defesa da comunidade e o seu trabalho em prol da educação, da Fé e do Meio Ambiente tem lhe imputado respeito e admiração por todos que a conhece. Por mais ocupada que esteja há sempre um tempo para receber aqueles que a procuram para um conselho ou orientação. Comunicativa e de fina educação, cultiva um grande ciclo de amigos e amigas. O seu trabalho, feito com amor e dedicação, é admirado e reconhecido por toda a comunidade. Alzirinha já foi destaque na Coluna Em Dia Com a Igreja, escrita por Padre Valdery no Jornal Correio da Semana.
Cruz. Alzira Nunes Brandão, natural da comunidade de Paraguai, município de Cruz-CE, descendente de um português, que teve muitos filhos, dentre eles Antônio Pereira Brandão, pai de Gil Pereira Brandão, sendo seu filho Francisco das Chagas Brandão que se casou com Adalgiza Nunes de Lima pais de Alzira residente na comunidade de Cavalo Bravo. Adalgiza era considerada a moça mais linda da região, filha de José Nunes de Lima e Francisca Maria de Lima, residente em Castelhano, Acaraú, que após o casamento adotou o nome de Adalgiza Nunes Brandão e foram residir em Paraguai – Cruz, nas terras de herança de seu pai. Alzira é casada com o Agente de Saúde Pedro Brandão de Sousa conhecido por Pedro Valdo. Alzira é professora da Escola municipal São Paulo na Comunidade de Cavalo Bravo onde reside. Também foi Presidenta da Associação de Desenvolvimento Comunitário de Cavalo Bravo e Diretora da escola.
Aprendeu a ler, escrever e contar, na infância, com a mãe, mulher muito sábia, que ensinou isto a todos os seus filhos, já que na região não havia escola, e ensinou a todos os filhos também a seguirem a Palavra de Deus, lendo a Sagrada Escritura e os ensinava como serem sinceros e honestos, e a receberem Graças de Deus através da oração e da prática da caridade, dom tão mencionado nas Cartas de São Paulo Apóstolo.
Somente aos 12 anos de idade é que Alzira foi para a escola pela primeira vez, quando um rapaz de Paraguai casou-se com uma professora, isso, já no 2º semestre, quando passou a cursar o 2º Ano Primário, sendo promovida para o 3º Ano e aos 13 anos, cursou o 3º Ano Primário.
Parou de estudar porque não havia mais quem ensinasse a partir do 4º Ano. Somente em 1986, já morando na comunidade de Cavalo Bravo, casada, quando foi escolhida para trabalhar na Educação Municipal de Cruz é que cursou a 4ª série, através de um Curso de Atualização e Qualificação para Professores Municipais.
Somente em 1994, voltou a estudar na Escola Dionísia Maria Silveira, na vizinha comunidade de Preá, cursando a 5ª série. Daí continuou os estudos e, com muito sacrifício, em 2004, concluí a graduação em Pedagogia. E em 2008, concluiu a primeira especialização em Gestão Educacional, e, em 2012, concluiu a segunda especialização.
Em 1974, aos quatorze anos, como não havia escola na comunidade de Paraguai, foi contratada pelos pai para alfabetizar seus filhos, em uma turma multiseriada da alfabetização ao terceiro ano. Após o casamento, foi morar em Cavalo Bravo onde continuou o oficio de professora particular até 1981.
Deixando de ensinar, continuou apenas com os trabalhos das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) no qual preenchia grande parte do seu tempo.
Com a emancipação do Município de Cruz em 1986, por indicação do Padre Valdery, Pároco de Cruz, foi nomeada professora e Diretora da Escola de Cavalo Bravo, pois já era bem conhecida na comunidade como professora particular, catequista e com os trabalhos das CEBs.
Durante toda a sua vida dedicada à educação, presenciou vários planos de educação que introduziram muitas mudanças visando a melhoria da educação tanto para o aluno quanto para o professor.
Alzira acredita que “diante das novas tecnologias em que a educação está se inserindo, percebo que será necessário um grande trabalho para a escola se adaptar às necessidades da sociedade de hoje, que está numa constante mutação e a escola não está com condições de acompanha-la, porque ainda são muito negados os direitos que uma escola e seus educadores tem. Tudo está avançado, só a escola ainda está atrasada, não por falta de competência de seus funcionários, mas porque seus recursos parecem que ainda continuam sendo desviados, porque a educação do nosso país ainda não é valorizada, mas vejo que uma luz está se acendendo e iluminando muitas mentes na busca de uma educação de qualidade, e eu confio que essa melhoria será alcançada”.
Ela credita que uma estrutura física precária de uma escola, afeta na aprendizagem e o desenvolvimento do educando porque hoje o aluno é consciente dos direitos que eles têm numa escola pública, e ao ver que esses direitos lhes são negados quase plenamente e eles se tornam alunos revoltados e desinteressados até do seu próprio desenvolvimento pessoal. Uma escola pública tem que ser acolhedora não só pelo diretor e funcionários, mas com espaços e equipamentos adequados e suficientes para o desenvolvimento deles. Portanto, a escola precisa de estrutura e profissionais condizentes com suas necessidades para que se tenha uma educação de qualidade, concluiu.
Alzira recorda que tinha 10 anos de idade, quando apareceu um homem na localidade de Paraguai por nome de Francisco André, trazendo um movimento chamado CEB (Comunidade Eclesial de Base), que incluía Celebrações da Palavra de Deus, Catequese para crianças, Grupos de Jovens, Grupos de Casais, Círculos Bíblicos, Campanha da Fraternidade e outros movimentos. Para tudo isso funcionar precisava de pessoas envolvidas, e como suas irmãs e ela haviam sido bem orientadas pela mãe a serem obedientes a Palavra de Deus, e com apoio dos pais envolveram-se inteiramente. Então, nessa época sentia-se capaz de seguir esse movimento como Catequista e Orientadora do Dia do Senhor, e até hoje, não largou nem Igreja nem a Comunidade.
Atualmente, a comunidade de Cavalo Bravo conta com os serviços pastorais da Catequese, Terço dos Homens, Terço das Mulheres, Celebrações da Palavra de Deus, Movimento das Campanhas da Fraternidade, Missionárias, Natal em Família e outras. Há também os serviços de Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão e da Pastoral do Dízimo. A Festa do Padroeiro São Paulo acontece em Janeiro de cada ano. Quanto ao dízimo, ela entende como sendo bíblico, pois desde Abraão, ele mesmo devolveu seu dízimo ao Templo de Senhor, como forma de gratidão por tantas graças que Deus concede a cada momento. Devolver o dízimo é dever de todo cristão, pois a Igreja de Deus também precisa desse recurso para manter sua parte física e porque o operário é digno de seu salário diz o Senhor. Cavalo Bravo já implantou o dízimo sim, mas ainda não na sua totalidade, ainda é preciso muito trabalho para que essa pastoral seja compreendida como ela é de verdade e cita alguns avanços como, por exemplo, a construção, reforma e manutenção da Capela, dos movimentos pastorais e o serviço de evangelização e de conscientização do povo para o desenvolvimento do conhecimento dos valores, direitos e deveres.
Perguntado sobre o fim do mundo, ela foi enfática: “Eu creio que esse dia chegará, mas não me preocupo quando ouço que alguém marcou data, porque Jesus falou o que está escrito em Mateus 24,36: Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos do Céu, nem o Filho. Somente o Pai é quem sabe”. 

Dr. Lima 

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