sábado, 10 de outubro de 2015

O BANQUEIRO DE MOSSORÓ - SEBASTIÃO FERNANDES GURGEL - PARTE FINAL

Por Mariana Gadelha

Memórias imortalizadas

Aos 11 anos de idade, o ainda menino Sebastião começou a escrever acontecimentos do dia a dia em um diário pessoal. Os anos passaram e o hábito continuou, às vezes com um longo tempo de pausa, mas sempre que encontrava tempo, e coragem lá estava ele escrevendo as ocorrências das mais simples, as mais graves, desde um tratamento dentário até a ameaça dos cangaceiros em Mossoró. Além de narrar fatos históricos do Brasil e do mundo, Sebastião registrava os detalhes da sua vida, como a mudança para Mossoró, o casamento com Elisa, o nascimento dos filhos e a criação da Casa Bancária S. Gurgel. Cada anotação revelava uma nova página de histórias, questionamentos, conquistas e costumes sociais.

Durante a pesquisa de informações para o livro que escrevia, sobre o Banco do Brasil, o pesquisador e ex-bancário Obery Rodrigues tomou conhecimento desse precioso diário, que estava em posse de Ronald Gurgel, neto de Sebastião. As anotações chamaram a sua atenção pela riqueza de detalhes que faziam desses relatos "um documento valioso para a história de Mossoró", afirma. Obery informou a existência dos escritos a Vingt-un Rosado, que tinha uma fundação com seu nome em Mossoró e transformou o diário de Sebastião Gurgel em seis livros divididos por ano, abrangendo de 1900 até 1966. 
  
Obery Rodrigues, secretário de Planejamento do RN (Foto: Ricardo Araújo/G1) - oparalelocampestre.blogspot.com

O historiador Marcos Oliveira foi o responsável pela digitação dos manuscritos juntamente com o tio Raimundo Soares, e compartilha que o trabalho foi bem árduo. "Recebemos uma cópia com algumas partes difíceis de ler, além disso, tivemos que decifrar a letra de Sebastião e a ortografia da época", compartilha. Entre as anotações que mais lhe chamaram atenção, Marcos cita as relativas a preços de mercado, além de informações sobre as chuvas no interior potiguar que revelam a situação sócio econômica da população em cada época. 

Sobre a vida pessoal ele destaca o carinho que Sebastião demonstra pela família, com registros anotados na contracapa do diário de todos os nascimentos dos filhos e netos.

Para Marcos a obra possui dados que envolvem cultura, sociologia e economia, principalmente das cidades de Caraúbas e Mossoró. "Esse material está disponível para sociólogos, antropólogos e historiadores entenderem o contexto de um indivíduo em determinadas circunstâncias, além dos hábitos sociais e os fatos históricos de Mossoró em diferentes épocas, desde a Primeira República até a era de Getúlio Vargas", ressalta.

FIM!
Fonte: Revista BZZZ
Digitado por José Mendes Pereira

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