quinta-feira, 28 de maio de 2015

TRIO MOSSORÓ MERECE RESPEITO



Por Aderaldo Luciano*
http://www.cultive-ler.com

Uma certa vergonha, romanceada com pitadas fartas de decepção, perpassa todos nós que lidamos com cultura, no Nordeste, quando vem chegando o tempo do São João. Agora mesmo me veio essa lamentável página envolvendo a secretaria responsável pelas festas na valente cidade de Mossoró, terra dos meus ancestrais.

A revelação do colunista César Santos, do Jornal De Fato, é perturbadora em todos os sentidos: cultural, ético, histórico, sociológico e educacional, sem falar no político. Quem não conhece o Trio Mossoró, quem ignora a história por trás de João Mossoró, Carlos André, Hermelinda, considere-se um ignorante completo em termos de história da música no Nordeste.


Trio Mossoró - João Batista Lopes (João Mossoró), Hermelinda e Oséas Lopes (Carlos André).

A reunião desses três irmãos, os Batista, originou, por volta de 1950, o trio, cuja cidade de origem, batizou-o. Depois, já no Rio de Janeiro, Carlos André consegue juntar todos novamente e o trio se reorganiza e se consolida como um dos grupos de maior apelo regional, regando nossas raízes musicais. Até 1972, quando o trio sofreu um racha, lançou pelo menos 10 discos, na época “long play”, com músicas de nossa cepa mais profunda.

Mas o motivo desse meu post atrevido é comentar, da maneira mais veemente possível, a falta de conhecimento que habita as secretarias de cultura e de turismo de nossas prefeituras, vivendo tão somente dos compadrios políticos e dos apadrinhamentos. Pois bem, o Trio Mossoró, patrimônio material e imaterial mossoroense, aquele que levou o nome da cidade a todos os recantos do país, em 40 anos de existência, foi convidado a tocar na Cidade Junina, a praça da grande festa de São João, quando seria homenageado e lhe foi oferecido o “significante cachê” de 400 reais.


Carlos André confessou sua indignação e a notícia veio cair em nós que praticamos a luta cultural. É um acinte, uma lacuna no bom senso, uma confissão de alta ignorância, da imensa falta de todos os atributos. Mossoró, terra de bravos, de resistentes, de formadores de opinião, berço de tantos nomes construtores de nossa brasilidade, não pode estar vivendo tão desabonador momento. Mas o pior veio depois: ciente do passo em falso, a secretária Isolda “corrigiu” o cachê para 10 mil. Caso no qual a emenda leva o soneto mal-ajambrado todo a ser condenado. Dinheiro não absolve o erro, a violência, a agressão moral contra o Trio e contra todos que militam na música. O Trio Mossoró recusou. VIVA O TRIO MOSSORÓ.

*Aderaldo Luciano é doutor e mestre em Ciência da Literatura, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, professor, poeta, escritor e músico.

Enviado por Higino Canuto Neto

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