Por: José Mendes Pereira
No dia 27 de Setembro do ano de 1926, o Diário de Pernambuco publicou, em primeira mão, o testemunho do cineasta Sírio-Libanês,
Benjamin Abrahão Botto. Ele revelou ao jornalista as dificuldades que teve para encontrar Lampião nas caatingas do Nordeste, após uma espera de dezoito meses percorrendo os sertões da Paraíba, Pernambuco, Alagoas e da Bahia, vivendo na caatinga e enfrentando diversos perigos.
Em seu primeiro encontro, Lampião mostrou-se “homem de boas maneiras”, oferecendo-lhe uma refeição e conhaque. No entanto, o célebre cangaceiro continuava desconfiado, temendo uma armadilha ou uma traição.
Enquanto a imprensa do sertão evitava publicar comentários sobre esse personagem, na imprensa do litoral do nordeste e do sul do Brasil as reportagens sobre Benjamim Abrahão sucederam-se por vários meses, incluindo inúmeras fotografias, inicialmente acompanhadas de legendas curtas. Os primeiros artigos homenageavam o cineasta, sua bravura, seu senso de risco, e as fotografias pareciam estar lá para sustentar tais afirmações. Aos poucos, as legendas foram-se enriquecendo e tornaram-se verdadeiros comentários.
Vale à pena observar que Benjamim Abrahão fez questão de aparecer nessas fotografias em companhia dos heróis de sua reportagem. Sua presença lá está como uma assinatura, um certificado de autenticidade. A palavra pode ser posta em dúvida, mas a imagem é incontestável.
No entanto, como se a prova fotográfica não fosse suficiente, Benjamin Abrahão, por ocasião do primeiro artigo do Diário de Pernambuco consagrado à sua reportagem, datando de 27 de dezembro de 1936, declara possuir um certificado assinado por Lampião, atestando a sua presença ao seu lado:
“Ilmo Sr, Benjamin Abrahão
Saudações
Venho lhi afirmar que foi a primeira peçoa que conciguiu
filmar eu com todos os meus peçoal cangaceiro, filmando
asim todos us muvimento da noça vida nas catingas dus
sertões nordistinos.
filmar eu com todos os meus peçoal cangaceiro, filmando
asim todos us muvimento da noça vida nas catingas dus
sertões nordistinos.
Outra peçoa não conciguiu nem conciguirá nem mesmo eu
consintirei mais.
consintirei mais.
Sem mais do amigo
Virgulino Ferreira da Silva
Vulgo Capm Lampeão”
Vulgo Capm Lampeão”
Fonte: Diário de Pernambuco em 27-12-36
http://blogdodrlima.blogspot.com
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