Por: Rangel Alves da Costa
Parei, pensei, refleti. O que significa amar, ao outro ser se entregar, e toda esperança de contentamento do outro coração partilhar, ser desvão na vida, desejo submerso no mar?
Amor, singelo, de todo afeto o mais belo, semeado em qualquer chão, quando deveria ser no coração o terreno fértil de cada grão, raiz de todo querer, broto que frutifica paixão.
E eu que humildemente removi terreno, fazendo imensidão em tudo tão pequeno, pensando em grandeza nesse ter ameno, pensei longe demais e do mais colhi o menos.
Mas não me entrego com qualquer derrota, esqueço toda dor, esqueço a revolta, caminho sempre em frente em busca de outra porta, em mim só há certeza que tudo se suporta.
E nessa estrada que caminho agora, sem relógio, sem olhar pra hora, nada me fará voltar, pois tenho de ir embora, reescrever a vida, reescrever a história, apagar a perda e construir vitória.
E tudo por amor, meu amor. Se tudo querer acreditou se fazer desamor, afasto isso de mim, não preciso carregar essa dor, ainda que da solidão tenha pavor e a distância dos teus olhos me cause temor.
Porém não escondo, não preciso esconder o que me move andar, vou dizer ao mundo, ao mundo vou gritar, que o meu passo segue em busca de você, que o meu caminho busca o teu ser.
E tantas pedras enxergo adiante, dor insuportável aos pés de humilde amante, que vencerá na força essa aflição constante, superando tudo tão mortificante, e com a paixão dizendo siga, não pare, sempre avante.
Valerá a pena tanto sofrimento, lanho pelo corpo, no peito o tormento, com sol queimando a pele e tudo tão sedento, tudo tão distante e nenhum alento?
Valerá a pena pé caminhar assim, sem saber se alguém espera por mim, e tanto mais andar e nunca chega um fim?
Respondo no silêncio que vou continuar, ainda que o labirinto queira me assustar, o desconhecido queira me tomar, uma noite tão escura queira me devorar, pois não sigo sozinho, vou acompanhado, levo a persistência sempre ao meu lado.
Persistir na vida é a melhor sina, sair correndo atrás do que se determina, pois o destino é cego mas na mente atina, que não se busca em vão, se busca a menina.
E menina que é você tão mulher, tanto desejo e tudo que se quer, flor dessa manhã e tanto malmequer, pois não tenho tudo, mas o que puder, o que me couber na sina que vier.
Aceito de bom grado esse padecer, a tristeza triste, sofrido sofrer, chorar baixinho hoje e amanhã me erguer, enxugar as lágrimas e me prometer que para sempre em diante tudo reescrever.
Esquecer que ontem me dizia não, esquecer que ontem não tive seu perdão, esquecer que ontem me prostrei ao chão, esquecer que ontem a vida foi desvão, esquecer que ontem todo sim era não, e aprender que o ontem foi pura ilusão, e viver agora na reconstrução, erguendo o amor com nova lição.
Mas se ainda assim, por mais que eu suba no rochedo e grite sem medo, que para te amar não há nenhum segredo, bastando que a luta se faça mais cedo, não queira me dar a mão e cortar caminho nesse chão, direi que não tem nada não: amanhã talvez, amanhã então!
E antes que chegue amanhã, antes que a esperança enfim apareça, farei tudo para que reconheça que esse amor que talvez eu mereça já adormecia no seu peito moreno, como flor que acorda no suave sereno e passar a viver o querer tão terreno.
E quando eu correr em sua direção, juntando os pedaços espalhados ao chão, ainda assim inteiro será coração partido, que um dia se firmará ungido na certeza do amor que nunca é vencido.
Poeta e cronista
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