Por José Mendes Pereira
Para
a criação de uma cidade tem que ter de tudo. Em primeiro indispensável, um mercado
público, uma capela para os fiéis ajoelharem-se diante da estátua e fazerem os
seus pedidos; bares, mercearias, escolas, um posto de saúde, um posto policial,
mesmo que não resolva nada, mas é necessário. Mas uma das coisas que não
precisa ninguém construir ou fabricar são os tipos populares, alguns com
problemas mentais, outros se declaram que são incapazes para o trabalho, e
assim vão levando a vida como Deus consente, os quais aparecem de montão, e
cada um tem o seu estilo de vida. Alguns são agressivos, exigindo o
respeito sobre a sua loucura, enquanto outros servem de graça para a população.
Foto do blog: http://www.azougue.org/conteudo/desabonitado13.html
Manoel
Camelo era um desses tipos que vivia perambulando pelas ruas do centro da
cidade de Mossoró. Era baixo, moreno, com uma escoliose ao lado
esquerdo do ombro, e conversava muito pouco. Mas mesmo tendo um parafuso
a menos, quando decidia falar, dizia tudo direitinho, na sequência, com
sentido e tudo mais. Era um torcedor do time Baraúnas, e não admitia que
ninguém tentasse denegrir a imagem do seu time.
cacellain.com.br
Dois rivais do Manoel Camelo, um deles era Altivo, também deficiente físico (andava quase nu), era torcedor do Potiguar, e o outro que tinha o apelido Papão, apaixonado pelo o Potiguar, também era deficiente físico. Se acontecessem encontros deles três, em qualquer avenida da cidade, a confusão começava, e geralmente, ela partia de alguém que os incentivava para uma guerra verbalmente, e muitas das vezes, chegando às agressões físicas.
http://futguar-futebolpotiguar.blogspot.com
Não tenho certeza se o Manoel Camelo, Altivo e o Papão já faleceram. Mas é provável que sim, porque faz mais de 20 anos que eu nunca mais os vi perambulando pelas ruas de Mossoró. Os três eram pessoas que não agrediam ninguém, e geralmente, as confusões criadas, eram entre si.
Estes são mais três tipos populares de Mossoró do século XX, e não podemos dizer que eles não eram pessoas boas, apenas se desentendiam quando se encontravam, cada um tentando manter a paixão pelo seu time.
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