Por José
Mendes Pereira
O título deste
artigo parece um pouco ridículo, decepcionante, até para uma jovem que talvez
tenha interesse de lê-lo. Mas não tenha medo, pode lê-lo, sem nenhum
receio, nele não há baixaria, e que você só irá saber o porquê deste
título, quando chegar mais adiante.
Como eu já
falei em outros escritos, que Pedro Nél Pereira não gostava de maltratar os
seus animais, e por mais que um deles fosse bravo, sem querer o obedecer,
procurava maneiras para não judiar com pancadas, açoites com chicotes; e usava
apenas uma palavra cada vez que se aproximava do animal: "Chegue!,
Chegue!..." E feito isto, aos poucos, Pedro Nél chegava a dominá-lo sem
rezas e sem nenhum tipo de magia ou hipnotismo, vez que ele não conhecia
nada disso.
Pedro
Nél Pereira
Aconteceu que
na década de 90, Pedro Nél estava sem vaqueiro na sua pequena fazenda, e
aguardava alguém que se oferecesse para cuidar dos seus animais, e com certeza,
não seria daqui de Mossoró, porque fazia mais de mês que muitos cuidadores de
gado sabiam a falta de um vaqueiro em sua propriedade, e ainda não havia
recebido visita de nenhum profissional.
Luiz Pereira
natural da cidade de Upanema, um veterano derrubador de gado, encontrava-se
desligado de fazendas, e assim que tomou conhecimento da vaga na
propriedade do Pedro Nél, deslocou-se até Mossoró, para uma possível
negociação.
E lá, houve a
negociação. Pedro Nél havia lhe dito que os seus animais eram tratados com
carinho, e que ele não os maltratasse de forma alguma...; o novo vaqueiro
propôs-lhe o leite das vacas como pagamento, isto é, ele venderia a produção do
líquido, dispensando um ordenado mensal, já que também as condições do
proprietário não eram tão favoráveis. Negócio feito, negócio cumprido por ambas
as partes.
Mas o novo
vaqueiro não tinha amor pelos os animais, como tinha Pedro Nél. Sempre com
pancadas, e vez por outra, enfrentava os animais montado em um cavalo, coisa que
Pedro Nél não fazia. Todos eles eram tangidos com apenas
"Chegue". "Chegue!".
O que eu
presenciei certa vez, ao pôr do sol, quando ele e eu estávamos sob o alpendre
da casa grande, e lá, ele iniciou uma reclamação sobre a maneira que seus
animais estavam sendo tratados pelo o novo zelador.
O certo era
que o Luiz, antes de 1:00 hora da tarde, já separava os bezerros das vacas, isto
no intuito de uma melhor produção de leite no dia seguinte, deixando os
bezerros sem o leite de cada final de tarde.
Ouvindo os berros incontrolados dos bezerros, Pedro Nél olhou para mim e disse:
- Meu filho,
eu me arrependi de ter colocado seu Luiz para tomar de conta dos meus
bichinhos. Tanto zelo que eu tenho por eles, agora os vejo sendo maltratados.
Assim que dá 1:00 hora da tarde ele separa os bezerros das suas mães. E este
alarido deles, é me reclamando, que eu fui um covarde para eles, entregando-os
a um homem perverso e sem amor a animais. E também é como se cada um
deles estivesse me dizendo: "-Pedro Nél, peça a seu Luiz para deixar eu
pegar pelo menos nos peitos de mamãe. Eu não quero ficar dependurado nos peitos
dela o resto da tarde. Eu só quero é pegar e mais nada".
Minhas Simples
Histórias
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