Por José
Mendes Pereira
Meu amigo e
irmão Raimundo Feliciano:
Naquelas
décadas de sessenta e início dos anos setenta, não era tão fácil para se comprar
objetos quando se desejava, como instrumentos musicais, bicicletas..., devido à
malvada inflação que não dava chance a ninguém, principalmente para quem não
trabalhava, assim como nós, que vivíamos ali, naquela instituição, sem a mínima
preocupação, exceto o estudo, passávamos o dia inteiro sem fazer nada, e à
noite nós desmanchávamos o que não tínhamos feito durante o dia.
O governo
Estadual mais malandro ainda, que sustentava uma porção de gente preguiçosa,
desocupada, e ainda tinha muitos que reclamavam da boa vida que levavam.
Eu havia me
esquecido daquela noite em que saímos da Casa de Menores, “às escondidas”
apenas com autorização do monitor, para fazermos uma serenata no bairro Boa
Vista, não me recordo bem a Rua, mas era na casa de uma das suas namoradas.
trilhasdeluz.blogspot.com
Naquele tempo,
quem delegava Mossoró era o carrasco Tenente Clodoaldo, digo carrasco porque
ele mantinha a cidade com autoridade, não dava chance a certos bagunceiros,
malandros que tentavam tirar a tranquilidade da população. Querendo colocar
ordem na cidade, distribuía rondas pelos bairros de Mossoró, na intenção de
proteger toda população.
Tenente Clodoaldo - http://jotamaria-pcmossoro.blogspot.com
Nessa noite,
fomos surpreendidos pela ronda noturna do então tenente, e que por sorte, não
fomos obrigados pelos policiais para voltarmos às pressas para casa. As ordens
do tenente Clodoaldo eram para serem cumpridas.
Raimundo Feliciano da Silva
Quando você
percebeu que a ronda se dirigia à nossa direção, de pressa, colocou o violão em
um tonel que estava em uma calçada. Mas você não tinha a mínima ideia o que
teria dentro daquele tonel.
Ali, ficamos
fingindo que estávamos conversávamos, e a ronda passou vagarosamente nos
observando, mas felizmente ela não disse nenhuma palavra, acelerou o jeep e
tomou rumo para outras ruas.
acordesdeviolao.com.br
Após os nossos
disfarces, foi retirado o violão de dentro do tonel. Mas por pouca sorte, você
havia o mergulhado em uma porção de água de cal virgem, que com certeza,
havia sido preparada para ser usada no dia seguinte por pintores.
No dia seguinte, o violão que era bom de som, amanheceu todo descolado e
empenadíssimo. Mas o único culpado e prejudicado foi você, que ficou sem o seu
estimado pinho.
Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.
Fonte:
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