Por José Mendes Pereira
Esta noite eu
fiquei a pensar o quanto a dor da perda do seu filho muito tem lhe incomodado.
Você olha para todos os lugares e não o ver, apenas no imaginar, a sua
fisionomia permanece encravada no seu eu. Todos os 9 filhos estão diante do seu
olhar, mas sabe que no meio deles, uma ovelha está ausente, longe de você,
apenas sabe que saiu do seu meio, do seu domínio.
Lulu Mendes
Dos dez que nasceram e cuidadosamente você os educou, apenas 1, o Lulu, que tanto te amou, te respeitou, te ajudou por estes campos sofridos e solitários, sob o sol escaldante, suados, juntos, na luta com gado, ovelhas, colheitas de milho, feijão..., não está mais presente.
Novamente você
fica imaginando o seu jeito, a sua fisionomia, a sua voz, o seu sorriso, o
cuidado com a irmandade, o bem que sempre quis aos pais, aos manos, aos tios,
aos primos, aos parentes e amigos, hoje, apenas a saudade no coração de cada um
permanece.
Fico a
imaginar o vazio que ele deixou entre nós, mas não há mais vazio do que para
você e Toinha, que são os verdadeiros criadores do Lulu, o qual, nunca lhes deu
um pequeno desgosto e nem trabalho nenhum.
Fico a
imaginar como você está nesse casarão sozinho, não por separação conjugal,
porque cuida do nosso sítio; ausente dos filhos, de nós, seus irmãos, sem
uma companhia para que possa dividir com ela o seu sentimento de pai, a sua
dor, a sua solidão.
Lulu, o
primeiro à esquerda - os outros são seus irmãos
Mas a vida é
assim mesmo, mano! Com lutas, com provas, com sofrimentos, com perdas de
parentes, e que se a vida fosse mar de rosas, sem estes ingredientes, muito
mais viveríamos na solidão, na tristeza, deprimidos, porque nada teríamos para
fazer e nem passaríamos por provas. E o ser humano ocioso e sem sofrimentos,
cairá em depressão forte.
Não somos
donos da nossa matéria, apenas a usamos emprestada, caminhando com ela, e que
serve para sustentar os nossos espíritos, porque ela pertence à terra,
para alimentação de bilhões de bactérias, que "famintas", precisam se
alimentarem da nossa carne. Mas o que nós saldamos, sem dúvida, é o
"EU" de cada um. Este jamais se acabará.
E assim é que
é a vida. Nascer, crescer, sofrer, adoecer, sentir dores insuportáveis, passar
por provas, ser feliz, ser infeliz, e sem tempo definido para morrer, e após a
morte, caminhar até a casa do senhor.
Mas a bíblia
diz que nós não morreremos, apenas passaremos da morte para a vida eterna. E se
é assim, como diz o poeta, morrer não é o fim.
Hoje, todos
nós estamos sem a presença do Lulu, diante da vida material, amando os
seus filhos, sua esposa, seus pais, seus tios, seus irmãos, seus vizinhos,
parentes e amigos. Mas, quem sabe. Será que o Lulu está bem mais feliz do que
nós, na presença de Deus?
Meu mano
Nilton, levanta a cabeça e siga o seu caminho costumeiro. O Lulu se foi, mas
ainda haverá esperanças para quem ficou. Ainda ficaram 9 filhos, e te amam
muito e querem te ver sorrindo e vivendo em paz.
Todos nós
temos o tempo certo para permanecermos aqui. sofrendo ou não. Um dia iremos
todos, mas o que mais vale, é a Casa do Senhor Deus Todo Poderoso.
Minhas Simples
Histórias
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