Cruz. Nos dias 28 e 29 de abril, os Povos Indígenas e de Comunidades Tradicionais dos Territórios Litoral Norte/Extremo Oeste, Vale do Curú, Ibiapaba e Sobral estiveram participando de um Encontro Multiterritorial promovido pelo NEDET – Núcleo de Extensão em Desenvolvimento Territorial.
O encontro aconteceu na
Aldeia Telhas, Terra Indígena Tremembé, Córrego João Pereira, Zona Rural do
Município de Acaraú/CE.
O encontro iniciou com um
almoço, na Cozinha Comunitária dos Tremembé. À tarde, os visitantes foram
recebidos pela comunidade indígena anfitriã com as danças do Torem e Toré, na
oca, ponto de encontro e promoção de eventos dos povos da comunidade indígena.
A Coordenação do evento foi
da Assessora Territorial Litoral Norte Ritaa Janaina Rodrigues, com articulação
dos Professores da UVA José Osmar Fonteles e o Antropólogo Ronaldo Santiago. Várias
palestras foram proferidas por diversas autoridades ligadas as Políticas
Públicas para Povos Tradicionais, dentre os/as palestrantes destacamos Castro
Junior da SDA, representante do
Ministério Público Federal Doutor Sérgio Brissac, Maria Zelma de Araújo
Madeira Coordenadora da CEPPIR - Coordenadoria
Especial de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial
ligada ao Gabinete do Governador do Ceará.
Também estiveram presentes, participando do evento, O Presidente da Federação das Associações Comunitárias do Município de Cruz, Dr. Lima, que também é Membro do Núcleo Dirigente do Território Litoral Norte e Carlos César que é Secretário de Agricultura do Município de Bela Cruz. Professor José Maria da UVA, André Luís que pesquisou os Índios Tremembé, o Cacique Negrinho dos índios Tapuia, Benedito dos Quilombolas de Timbaúba, representante dos Quilombolas de Água Preta em Tururu.
A índia Brena apresentou
o Projeto Caju e Cultura para o
processo de beneficiamento do caju e enfatizou a melhoria e a valorização dos
produtos com o processo de fabricação com o uso de equipamentos modernos que contribuiu
para agregar valor ao produto e facilitando os métodos de produção e destacou
os vários cursos realizados pelos índios. Estão produzindo mel, doces, mocororó,
cajuína e outros derivados do caju. Com melhor aproveitamento do caju, a
comunidade passou a ter uma renda a mais por família.
Aurila Maria falou em
nome dos Quilombolas da Comunidade de Nazaré em Itapipoca, que agrega 48
famílias, mas, que, nenhuma Comunidade Quilombola no Ceará teve suas terras
tituladas. O Nordeste tem 1.80unidades quilombolas, sendo 1.482 certificadas,
mas, nenhuma titulada até o presente.
À noite houve atividades
culturais, com danças e rituais indígenas, forró e bingo beneficente em prol da
comunidade. Os Índios Tremembé apresentaram uma peça: Mani que tinha como
mensagem Nunca Desistir. A segunda apresentação foi dos Índios Tremembé da Comunidade Indígena de
Queimado. Os Quilombolas da Comunidade de Água Preta do Município de Tururu
apresentaram uma dança afro.
No segundo dia do encontro, os índios e quilombolas
debateram os temas que foram apresentados pelos promotores do evento: O que é
ser índio e o que é ser quilombola e o que é ser índio ou quilombola jovens.
Cada etnia ou entidade
quilombola fez a sua exposição com destaques para sua identidade, as
dificuldades enfrentadas, perseguições, o difícil e burocrático acesso às
políticas públicas e as lutas de resistência.
Deram seus depoimentos
indígenas e quilombolas, quando relataram muitos problemas semelhantes e
apelaram para que as autoridades competentes fossem mais sensíveis aos seus
problemas do cotidiano, principalmente, em relação à terra que eles preferem
chamar de “Mãe Terra” pois é de lá que vem a sua sobrevivência sobre todos os
aspectos, desde a moradia até o alimento e a matéria prima para o feitio de
suas indumentárias, artesanatos e a realização de seus cultos aos Deuses que
alimentam a Fé e o Espírito.
Antonizia da Comunidade
Quilombola Três Irmãos de Croatá falou sobre os problemas enfrentados pela Comunidade
Quilombola. A jovem Juliene - Índia Tremembé - questionou sobre a juventude
indígena perante os novos costumes sociais. Aurila é Quilombola da Comunidade
de Nazaré em Itapipoca e Coordenadora do Movimento Quilombola do Ceará disse
que ser Quilombola é resistir. A índia Adriane, da Barra do Mundaú em
Itapipoca, denunciou o massacre aos povos indígenas. A Liderança Indígena João
Marques disse que ser índio é mostrar liderança e cultura e também denuncia a
descriminação contra os índios. A índia Tremembé de Itapipoca cita as
dificuldades que os povos indígenas encontram.
Houve muitas reclamações
dos indígenas e quilombolas sobre os descasos das autoridades com relação aos
povos tradicionais - índios e quilombolas, que em muitos casos, chegam a tomar
posições contrárias aos direitos e interesses destes povos que sofrem há
Séculos.
Durante o encontro, o
Cacique Negrinho, da Tribo dos Tapuia do Município de São Benedito, concedeu
uma entrevista para o Programa A Comunidade e o Cidadão, Rádio FM 6 de Abril 98,7MHz,
ao Radialista Dr. Lima.
Dr.
Lima
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