Por José
Mendes Pereira
Conheci muito
o Pereirinha que residia no Bom Jardim em Mossoró; baixo, magro, de cor galega, de andar apressado, e que tinha seus problemas mentais, mas nunca
fora agressivo com ninguém, e mesmo sendo retardado, quem o conhecia, jamais
tentou humilhá-lo por isso ou por aquilo.
Pereirinha era
irmão de dona Aldhema Moura, que residia também naquele bairro, uma das
zeladoras da Casa de Menores Mário Negócio, que por muitos anos trabalhou
naquela instituição de menores.
Além do
problema mental que tinha o Pereirinha, também sofria de epilepsia forte,
e quando esta lhe atacava, e ao tornar, isto é, tomava conhecimento do que
havia acontecido com ele, dizia que tivera naquele momento um abordo. E como
todos já sabiam a sua resposta, sem humilhação alguém lhe perguntava se ele
vira o feto. Ele dizia que não tinha interesse de ver filho morto. E assim era
o Pereirinha, sem agressões com ninguém, apenas serviam de graças as suas
respostas.
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Pereirinha
gostava muito de frequentar o Pavilhão Vitória, no centro da cidade, e lá,
todos que permaneciam ali, gostavam de conversar com ele, não no sentido de
zombar, apenas rirem das suas conversas trocadas e engraçadas.
Quando alguém lhe
perguntava:
- Pereirinha,
se eu sair daqui de Mossoró a pé, em direção à Areia Branca (cidade
adjacente à Mossoró), que horas mais ou menos eu chegarei lá?
Como ele
trocava as coisas, geralmente dizia:
- Se
você sair daqui de Mossoró para Areia Branca às 10:30 da
manhã, para às 10:00 horas, irá chegar lá das 4:30 da tarde para às 4:00
horas.
E assim era o
Pereirinha do Bom Jardim que eu o conheci nas décadas de 60, 70...,
perambulando pelo centro da cidade e pelas ruas de Mossoró.
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