O Nordeste experimenta mais um ano de escassez
de chuvas, embora sua estação chuvosa observe variações, começando pelo
Maranhão e o Piauí, prolongando-se à Bahia, ao norte de Minas Gerais e ao
nordeste do Espírito Santo, áreas atualmente abrangidas pelos planos de
convivência com as secas. Portanto, o tempo se encarregou de ampliar o
espaço territorial brasileiro castigado pelas intempéries insolúveis.
A estação das chuvas no Ceará, por ocasião dos
invernos regulares, tem início logo com as primeiras precipitações, em
dezembro, no sul do Estado. Quando a natureza é favorável, o ciclo não
sofre paralisações e prolonga-se até abril. No resto do Estado, o mês de
janeiro geralmente é marcado por estiagens, observando-se o ciclo das chuvas
de fevereiro a maio.
|
Caatinga |
Mas, como os fenômenos
naturais não podem ser controlados, há variações de toda espécie no volume
e na ocorrência das precipitações, funcionando as previsões do tempo como
único meio de acompanhar as alterações. Em outubro passado, o Cariri
registrou boas chuvas, resultando no plantio do milho e feijão. Em
novembro, elas se repetiram, mas não tinham vínculos com a estação chuvosa.
|
O Quinze - Raquel de Queiroz |
Em janeiro, a Funceme divulgou seu prognóstico
inicial prevendo chuvas abaixo da média entre 40% e 60%. De fato, a
entidade de meteorologia acertou. Durante a primeira quinzena de abril,
choveu apenas 25% do previsto. A estiagem é mais grave nos Inhamuns e no
Sertão Central. Mas até no Cariri chuvoso os veranicos estão comprometendo
a produção nascida com as chuvas intensas, mas irregulares desta seca
verde.
|
Carros pipa - Solução paleativa |
Os governantes, em todos os
níveis de gestão, precisam adotar providências estruturais de maior
impacto, como a construção de adutoras acopladas aos grandes açudes
públicos para o suprimento das áreas sem recursos hídricos. A permanente
utilização do carro-pipa é um atestado de atraso e de incúria diante de
tantos recursos ociosos.
|
Cisternas de Placas |
O Rio Grande do Norte eliminou a carência de
água potável com esse meio técnico, fornecedor de água capaz de ser
consumida sem maiores danos à saúde, como ocorre com a qualidade da água
transportada em períodos de emergência. Não é só a água. Diante da oferta
de crédito imobiliário, está na hora de assegurar a habitação rural, de
modo a elevar a qualidade de vida do sertanejo.
Os prefeitos municipais de alguns municípios
classificam a situação como calamitosa, reivindicando apoio oficial para
combater o flagelo que já está instalado, ainda que as chuvas aconteçam
nesta segunda metade de abril. Por outro lado, o governo federal precisa
liberar, com urgência, os estoques disponíveis para conter o aumento dos
preços de milho e feijão, alimentos essenciais à população sertaneja. Sem
isso, prevalecerá a especulação oportunista.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário