“No meu Cariri, quando a
chuva não vem, não fica lá ninguém, somente Deus ajuda, se não vinher do Céu
chuva que nos acuda. Macambira morre, xique xique seca, juriti se muda” Marinês.
“A seca terrível, que tudo
devora lhe bota pra fora da terra natal” Luiz Gonzaga.
“A vida aqui só é ruim
quando não chove no chão, mas se chover dá de tudo, fartura tem de porção. Só
deixo o meu Cariri no ultimo Pau de Arara”. Ary Lobo.
Charge: O Mossoroense |
Cruz. Estes versos de Marinês, Ary Lobo e
Luiz Gonzaga retratam muito bem o que significa a falta de chuva para o nosso querido
e amado Sertão Nordestino. Terra de homens destemidos que trabalham de sol a
sol sem lamentar da sorte, alegre e extrovertido vai tocando a sua vida fazendo
o Brasil crescer com os calos de suas mãos, com a pele ressecada pelos raios do
sol causticante, ninguém é mais bravo do que ele. Mas, quando a chuva não vem
este herói chora ao ver o sofrimento dos filhos e dos animais, como tão bem
relatou Raquel de Queiroz em seu romance O
QUINZE. Quando a seca castiga o solo
sertanejo o sofrimento é geral: falta água para dessedentar os animais, a
população tem que andar léguas para buscar água com uma lata na cabeça, com um
galão sobre os ombros ou barricas em lombo de animais famintos. Atualmente, os
animais são quem mais sofrem. Na tentativa de amenizar os efeitos da seca, o
Governo tem construído grandes açudes para o armazenamento de água, sendo que o
primeiro açude a ser construído no Nordeste foi o Açude de Recreio (particular)
em Caicó/RN seguido de Cedro em Quixadá, no Ceará. Outros grandes açudes têm
sido construídos como, por exemplos, Forquilha, Orós, Banabuiú, Jaibara e
Ararás no Ceará, Curema na Paraíba e Morcego, Gargalheira, Intãs, Riacho de
Cavalo, Santa Cruz e Armando Ribeiro no RN. São centenas de açudes de grande
porte destinados ao armazenamento de água para ser utilizada nos períodos de
longa estiagem. Mas, como o principal problema é mesmo a falta de chuva, sem
ela, os açudes não armazenam o precioso liquido. Até os poços profundos, que
surgiram como uma alternativa para suprir a falta de água, apresentam-se
insuficientes, pois também dependem de chuva para o reabastecimento de seu
lençol freático, a exemplo do que aconteceu em Mossoró/RN com poços de 1.400
metros de profundidade que, inicialmente jorravam, apresentaram problema após
30 anos de funcionamento e já não são mais suficientes para atender a demanda
da cidade de 280.000 hab. Os programas sociais do Governo Federal tem atendido
às populações humanas com bastante eficácia, mas os animais tem sofrido
bastante, principalmente os animais silvestres que não encontram água em seu
habitat natural.
A transposição das águas do Rio São Francisco, apesar dos
protestos por parte de vários segmentos da sociedade, surge como uma nova
alternativa para amenizar o sofrimento deste tão carente povo nordestino.
O Natal se aproxima e talvez o melhor presente de Papai Noel
seja chuva para o Sertão Nordestino, que trás água em abundancia, os campos
verdejam, as cascatas voltam a emitir seu murmúrio, tão velho e tão novo, a
passarada alegre canta ao amanhecer do dia, as terras regadas produzem
alimentos “prestando ao homem serviço sem par”.
Dr. Lima
Engenheiro Agrônomo
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