Cruz. Março de 1990. Dia chuvoso. Partimos em um caminhão Mercedes-Benz dirigido por José Afonso que transportava uma carrada de tijolos sobre a qual iam todos os meus móveis. Na cabine, eu, Maria e os dois meninos, Fabio e Paulo Andre. Cruzamos a Serra de Tianguá, Serra Grande ou Serra da Ibiapaba como é conhecida sob forte serração. Meia noite, fizemos uma pequena parada em um posto de abastecimento na divisa do Ceará com o Piauí, vizinho à cidade de Piripiri no Piauí. Às 13 horas, estávamos passando por Teresina Capital do Piauí. Após percorrer 930 Km chegávamos à cidade de Rosário, às 19hs. O primeiro contato com os comerciantes maranhenses foi para comprar um bico ou chupeta para Fabio, mas ninguém conhecia esta palavra. Após passar por vários comércios sem que os vendedores soubessem o que era chupeta, fomos informados de que havia um comerciante cearense na cidade, então nos dirigimos até o comercio dele, que entendendo a nossa língua, nos atendeu com a chupeta. Finalmente, chegamos ao nosso destino que era a Cerâmica Rosário que ficava do outro lado da cidade. No dia seguinte, retiramos os móveis e fui trabalhar como vendedor por sete meses quando resolvi voltar para Mossoró. Vedemos todos os móveis e fizemos o retorno de ônibus. Dia 31 de outubro, saímos da cerâmica às 6 hs e deixamos a cidade de Rosário às 9 hs pela empresa Itaguatur até São Luis, de onde viajamos para Fortaleza pela Expresso de Luxo. Em uma das caixas estava escrito o nome de Mossoró. Quando o motorista viu, perguntou se éramos de Mossoró e respondemos que sim. Então, ele nos disse que era natural de Apodi/RN. Viajamos com ele até a cidade de Campo Maior-PI quando houve troca de motorista. Chegamos a Fortaleza às 6 Horas, quando fomos informados de que estava saindo um ônibus da Viação Nordeste para Mossoró às 6h15. Ainda deu tempo de compramos as passagens e chegamos a Mossoró ao meio dia e 15 minutos.
Em Rosário, conheci muita gente boa, fiz amigos em São Luís, conheci seu Centro Histórico, os casarões de azulejo, as ruas estreitas, o museu, o centro comercial, o Bumba meu Boi, os costumes e as tradições do Maranhão. Em São Luís, o velho contrasta com o novo e o moderno. Confesso que uma das dificuldades que encontrei foi entender o linguajar de sua gente. “Qualira, Pé de curica, pisa maneiro e fica velhaco, estiva, bandeco, pititinga, pacamão, espocar laranja”.
Onde havia duas ou mais pessoas conversando, o assunto era Boi do Maranhão ou macumba. Em toda a cidade, encontrei apenas quatro mulheres de cor branca. O restante da população é de cor preta. São pessoas muito educadas e atenciosas. No dia 12 de outubro de 1990, um jovem de vinte e dois anos estudante de segundo Grau, assassinou um garoto de 7 anos. Foi preso, mas a população invadiu a delegacia no dia seguinte, arrebentou a porta do xadrez, retirou o criminoso e o mataram a pauladas e pedradas. Não queriam o seu sepultamento no cemitério, mas houve a intervenção do padre para que pudesse ser sepultado no cemitério. Lá o povo é amigo, mas mata por diversão. Na cidade, há uma grande presença de urubus que habitam as árvores e o teto das casas.
Certo dia Paulo Andre estava brincado com os amigos na ceramica do vizinho quando pisou em brasa e queimou o pé ficando dente por vários dias. Um fato curioso que me chamou atenção foi no dia em que eu caminhava pela Rua Grande no Centro de São Luís quando passou uma moça e uma multidão passou a segui-la, inclusive, um taxista que passava pela avenida, parou o taxi e segui à moça. Tratava-se de uma jovem que aparentava uns 20 anos, usava um short e conduzia uma pequena bolsa. Tinha os cabelos compridos e estatura média. Passei a segui-la até quando entrou em uma loja. Era bonita, mas nada de anormal.
Rosário é uma região que chove muito, mas o calor é intenso. Qualquer pinguinho de chuva vem acompanhado de muitos raios e fortes trovoadas.
Dr. Lima
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