sexta-feira, 31 de março de 2017

COMO O VOTO É LIVRE?

Por Severino Coelho Viana

Um amigo nosso, com curso de nível superior, pertencente a outro partido político, na última eleição geral, votou no deputado estadual de outra sigla porque o prefeito apoio.

No deputado Federal votou no candidato do seu partido porque prefeito apoio, caso contrário, teria votado noutro candidato.

Para Senador da República, tinha dois votos. O primeiro, votou no senador do seu partido; o segundo, votou no senador que o prefeito apoiou.

Para governador, começou apoiando um candidato a governador, mas acabou votando no candidato que o Prefeito apoiou.

Para Presidente da República votou no candidato que o Prefeito apoiou, que foi um pedido do candidato a governador e uma súplica do candidato a senador, que era apoiado pelo candidato a deputado federal, e este por sua vez era aliado do candidato a deputado estadual.
Resumo: a única coisa que não prevaleceu foi sua livre escolha.

Um letrado agiu assim, imagine o semianalfabeto e o analfabeto, que moram na periferia da cidade, que não tem feijão na panela, falta carne, carência de tudo. O filho não frequenta escola, bairro sem infraestrutura. O sossego noturno é ouvir o tiroteio na favela vizinha. E o filho um forte concorrente à trombadinha.

Só recebe a visita de um candidato de quatro em quatro anos, oferecendo telha, tijolo, cimento, dentadura, quitando a despesa da água e da energia atrasada, presenteando com uma camiseta e fazendo uma doação de R$ 20,00 (vinte reais).

Responda-me uma coisa: esses eleitores podem cobrar o que do representante que comprou o mandato?

No tempo de eleição divulga o nome da salvador da Pátria, a generosidade do candidato, o amigo do pobre, o sofredor que passa e conhece os mesmos problemas da miséria.

Ah! Ia me esquecendo! E cabo eleitoral que deu a sua abocanhada? O que é que se pode dizer disso tudo.

No exercício do mandato ouvimos falar de falcatrua, cambalacho, maracutaia, corrupção, desvio de verba, obras superfaturas e inacabadas.

E continua votando e votando sempre.

Então, este é um país de Mãe Preta e Pai João!

João Pessoa – PB, 23 de março de 2017.
SEVERINO COELHO VIANA

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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‘SÓ UM MILAGRE DE DEUS SALVA O SÃO FRANCISCO’

Ribeirinhos perdem cada vez mais a esperança de ver o Velho Chico recuperar sua força
Thayanne Magalhães
Rio São Francisco agoniza e ribeirinhos esperam por um milagre de Deus (Fotos: Sandro Lima)Rio São Francisco agoniza e ribeirinhos esperam por um milagre de Deus (Fotos: Sandro Lima)
Depoimentos cheios de lamúria marcam a reportagem feita pela equipe do portal Tribuna Hoje nas cidades de Penedo e Piaçabuçu, onde os ribeirinhos dizem esperar por um milagre de Deus para ver o Rio São Francisco imponente e farto de novo.
O Velho Chico, antes fonte de renda e sustento de dezenas de cidades alagoanas, está perdendo a vazão, suas águas estão ficando salgadas e os peixes típicos do rio estão desaparecendo.
“O rio era cheio, ia até o muro do cais. Hoje é uma lagoa. Hoje em dia tem espécie que não se pesca mais, o pirá, o capadinho. Hoje tem tucunaré e cará. É o que tem. O rio está seco demais. Não dá para navegar mais com barco grande, só lancha, por causa dos bancos de areia. Eu acho que deve ser por causa das barragens. São demais. Tem muitas. A gente fica sentido... Antes a gente pegava peixe com anzol, na beira do rio. Eu queria que as autoridades soltassem um pouco as águas das barragens. Estamos perdidos, ao Deus dará”, lamentou seu Manoel Pedro Neto, de 73 anos, morador do Povoado Saúde, no município de Santana do São Francisco, no lado de Sergipe, bem próximo a Penedo.
O professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em Penedo, Cláudio Sampaio, explica que o assoreamento (processo em que cursos d'água são afetados pelo acúmulo de sedimentos, o que resulta no excesso de material sobre o seu leito e dificulta a navegabilidade e o seu aproveitamento) do Rio São Francisco  é causado principalmente pela ausência de mata ciliar.
“A mata ciliar tem um papel importante na retenção de sedimentos, no sombreamento do rio, mantendo uma temperatura agradável, reduzindo a evaporação da água e produzindo alimentos para as espécies que vivem naquele ambiente. Quando as margens ficam descobertas, a chuva e o vento transportam o solo e outros resíduos para dentro do rio, que vai ficando cada vez mais raso e se formam também bancos de areia, como pode-se ver bastante aqui na parte do São Francisco que passa por Penedo”, explica.
Cláudio Sampaio destaca que, antes da transposição do São Francisco, seria preciso que acontecesse um trabalho de revitalização do rio.
“É uma questão bastante polêmica. A transposição aconteceu sem que obras de revitalização do rio fossem implementadas e isso pode piorar ainda mais a questão do assoreamento, por conta da redução da vazão. O rio já está com baixa vazão e retirando mais água, agrava a situação”, opinou o professor.
Além das questões ambientais, Cláudio Sampaio lembra que a baixa vazão do rio também traz impactos econômicos para a cidade de Penedo.
“A gente pensa muito nas questões ambientais, que são sim muito importantes, mas esquece dos serviços que o rio presta para a população. A geração de emprego, de alimentos através da agricultura e o modo de vida. É um impacto ambiental, social e econômico”, destaca.
Cláudio Sampaio explica ainda que o lançamento de esgoto no rio também é uma das grandes causas do seu declínio.
“Tem espécies típicas do rio sem ocorrência no Baixo São Francisco há quinze anos. Todos os anos, na semana da água, soltamos os peixes com a presença de estudantes, na tentativa de repovoar o Velho Chico”.

Novas gerações não querem pescar

Com a crise pela qual passa o Rio São Francisco, as novas gerações de ribeirinhos não se interessam pela pesca e nem por outras atividades que envolvem o Velho Chico. O pescador e carpinteiro naval, Wilson Bispo, de 63 anos, lamenta a diminuição da sua produção de pequenas embarcações e a escassez de peixes.
“Eu vivo aqui na beira do rio há 35 anos. O rio era bem cheio. Navegar hoje está difícil, só para quem sabe mesmo, quem conhece. E os peixes estão cada vez mais difíceis de pescar. Muitas espécies a gente não encontra mais”, conta.
“Tem muita barragem e muito esgoto. Precisava zelar mais pelo rio. O esgoto está acabando com o São Francisco. Cai muita areia no rio. Precisa reflorestar as margens. A areia está pura igual ao mar nas margens do rio. Eu acredito que vai ficar cada vez mais difícil, sem água e sem peixe”, continuou o pescador.
Wilson Bispo acredita que só um milagre pode salvar o rio.
“Precisa um milagre de Deus para salvar o rio. Precisa de muita chuva. Nossos filhos não querem aprender a pescar porque o rio não tem mais a fartura que tinha antigamente”.
O comandante Gicelmo Menezes de Castro, de 38 anos, conta que navega no Velho Chico desde criança e se entristece com a diminuição da vazão do rio.
“Devido à falta de água nas cabeceiras, nas nascentes, a gente vem sofrendo com o assoreamento do rio. É muito difícil navegar. Antes era fundo. A gente navegava até a noite. Hoje, até pelo dia está complicado, com esses bancos de areia. Dizem que a revitalização poderia resolver, mas a própria natureza, com a chuva, é que salvaria o rio. Encheria e limparia as águas”, opina o ribeirinho.
“É triste ver o rio assim. Eu cresci navegando no Velho Chico”, lamenta.
O superintendente substituto da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), Pedro William, explica que as chuvas diminuíram significativamente nos últimos cinco anos, e isso tem influenciado para a baixa vazão do rio.
“Nós atuamos em mais de cinquenta municípios da bacia do São Francisco e percebemos a redução da vazão. A maior causa é a redução da chuva, mas também a retenção de água nas barragens. Não tenho como afirmar que a transposição pode ser um fator que influencie tanto”, afirmou.
O superintendente explicou ainda que a Codevasf busca trabalhar na melhoria do saneamento básico das cidades ribeirinhas, para que o esgoto não seja lançado nos rios, além de atuar no desenvolvimento regional.
“Atuamos nas cidades por onde passam todos os afluentes do São Francisco e buscamos usar recursos naturais de forma sustentável na agricultura e apicultura da região”.
O engenheiro de pesca, Álvaro Albuquerque, explicou que a Codevasf também tem investido em projetos para a recuperação da mata ciliar, fundamental para a revitalização do Velho Chico.

“Temos um trabalho de reprodução de peixes e reintrodução das espécies no rio. Também atuamos na recuperação da mata ciliar, com o plantio de mudas e projetos de recuperação ao longo do São Francisco. Também estamos trabalhando a questão do tratamento de água para que o esgoto não seja lançado diretamente no rio”, explicou.

Conscientizar crianças e jovens através da educação

 
O coordenador de Meio Ambiente de Penedo, Paulo Freire, destaca o barco escola como uma iniciativa da Prefeitura Municipal para alertar os estudantes sobre a situação do São Francisco.
“O barco escola é um projeto que a gente trouxe do IMA [Instituto do Meio Ambiente]. É uma aula de campo com uma equipe multidisciplinar onde será explicada a importância do rio e medidas para a preservação do São Francisco para essas crianças e jovens. Nosso objetivo é que ocorra de forma periódica”, afirma.

Paulo Freire contou ainda que o objetivo da Prefeitura é municipalizar a fiscalização do rio.
“Sabemos que o IMA realiza um grande trabalho de fiscalização, mas vamos acompanhar de perto, fiscalizando empresas potencialmente poluidoras e esgotos clandestinos. Esse é um dos nossos grandes objetivos, minimizar as ações do homem contra o rio. Para remediar isso, temos que pelo menos fiscalizar os efeitos antrópicos e recuperar as nascentes”.
O coordenador de Meio Ambiente disse ainda que o município conseguiu a licença ambiental para a estação de tratamento de esgoto.
“Estamos agora buscando realizar obras de esgotamento, da rede coletora de esgoto, para que entre em funcionamento a estação de tratamento. Também estamos com processo licitatório para o plano municipal de saneamento básico, que é um instrumento de gestão pública para saber para onde direcionar a verba pública, com medidas emergenciais”, explicou.
“Todas essas ações convergem para a preservação do São Francisco e a principal é orientar as novas gerações, crianças e jovens. A educação ambiental será nossa grande força e nossos estudantes terão acesso ao barco escola, gincanas, caravanas e diversas ações de conscientização para a preservação do Velho Chico. A cada dia eles tomam mais consciência e com certeza já têm mais do que nossos pais e avós”.
O consultor do IMA, Meraldo Rocha, afirma que o órgão também tem trabalhado a questão da educação ambiental nas comunidades, além de investir no reflorestamento da mata ciliar.
“Estamos intensificando o reflorestamento nas margens do São Francisco e monitorando semanalmente a qualidade da água, com análises. Nós queremos que as pessoas que dependem do rio entendam que o IMA não é somente um órgão que multa e proíbe, mas que trabalha para a recuperação do Velho Chico”, disse.

Rio de água salgada

A baixa vazão faz o mar avançar cada vez mais na foz do Rio São Francisco, em Piaçabuçu. A população reclama da água salgada que chega às torneiras de suas casas e muitos ribeirinhos sobem o rio de barco para encher baldes com água menos salobra.
“Eu nasci em Piaçabuçu e o rio sempre foi cheio de água. Uma água doce, limpa. Agora tem muitos esgotos. As pessoas jogam lixo e quem pesca por aqui, está pegando peixe de água salgada. Os peixes de água doce desapareceram. O mar está invadindo cada vez mais e até tubarão aparece”, conta a artesã Maria dos Prazeres, de 53 anos.
A ribeirinha não tem esperanças de ver o rio voltar a ser o que era antes.
“Eu acho que não tem jeito, não. Agora com a transposição, o rio está baixando cada vez mais. Tem muitos bancos de areia se formando. É triste de ver”, lamenta.
“E a água salgada está deixando muita gente doente, com pressão alta, porque muitas famílias não têm dinheiro para comprar água mineral e acabam bebendo a água salgada que chega na torneira. O número de casos de pressão alta está aumentando muito aqui na cidade. É uma água que não serve nem para cozinhar, fazer um suco ou café”, continuou.
Maria dos Prazeres diz que o São Francisco sempre foi a riqueza do povo ribeirinho.
“Para quem já teve o rio que a gente teve, uma riqueza, é muito sofrido ver essa situação de hoje. A gente pescava na beira do rio. Tinha muita fartura. A gente chegava em casa já com a nossa moqueca. Agora nem arriscamos tomar banho, com medo dos tubarões, né? Isso está prejudicando a vida de quem depende do rio, o turismo e, principalmente, do pobre que tira seu sustento das suas águas. Só um milagre para salvar o São Francisco”.
A engenheira ambiental, Josineide Carmo, explica que a quantidade de sal na água permitida para consumo é de 2mg por litro, e em Piaçabuçu a salinidade já chega a 7mg/l.
“A Casal [Companhia de Abastecimento de Alagoas] puxa a água quando a maré está baixa, quando o rio fica menos salgado, mas isso não soluciona o problema. Famílias estão subindo o rio em seus barcos para buscar água para o consumo”, explicou.
Por conta do problema, a falta de água também tem sido constante nas casas da cidade.
“Lá na hidrelétrica de Xingó, já chegou a ser liberado 2.700 metros cúbicos de água e hoje está em 700, com estudos indicando que ainda deve cair mais. Isso gera uma discussão porque nós precisamos de água, mas também precisamos de energia elétrica e a água é retida para a produção de energia. Mas, sem chuva, a vazão diminui cada vez mais”, disse a engenheira.

A Prefeitura de Piaçabuçu, segundo Josineide Carmo, está com um projeto para a captação de água em outro ponto do rio. “Mas sabemos que a medida é paliativa, já que o mar deve avançar cada vez mais com a baixa vazão”.
Josineide Carmo também destacou o desmatamento da mata ciliar, o assoreamento e a poluição como grandes fatores para a baixa vazão e o avanço do mar no São Francisco.
“Todos esses fatores fazem com que o rio perca a força e o mar avance”.
A engenheira ambiental contou ainda que uma audiência pública será realizada em Salvador, na Bahia, no próximo dia 5 de abril, para discutir as questões relacionadas ao Rio São Francisco. O secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Piaçabuçu, Otávio Augusto, deve participar e fazer a defesa para a preservação do rio.
“A salinização é tecnicamente explicável. Esse fenômeno acontece em função da força da maré. O rio não tem mais força e o mar tem avançado. No nosso povoado de Potengy a salinização está fortíssima”, explicou o secretário.
Otávio Augusto contou que o Ministério da Integração já reconheceu a situação crítica do município e foi conseguido um recurso para mudar o local de captação da água para abastecer a cidade de Piaçabuçu.
“Agora vamos captar a água na altura do Povoado de Penedinho, mas sabemos que é uma medida paliativa. Não sabemos quanto mais o mar irá avançar. Temos sofrido fortes impactos econômicos, ambientais e sociais”, afirma.
O secretário diz que a perda da vazão se dá principalmente por conta da retenção de água na barragem de Sobradinho, na Bahia.
“A concentração de sal no rio tem aumentado cada vez mais por conta da baixa vazão. Hoje não conseguimos sequer abastecer a cidade. Também estamos investindo em saneamento básico e projetos de educação ambiental, sobretudo para a recuperação do rio e a conscientização sobre as questões das matas ciliares. Estamos trabalhando para que o problema seja minimizado”.

Potengy

Mais próximo da foz do Rio São Francisco, o Povoado Potengy é o que mais tem sentido os efeitos da salinização das águas do Velho Chico.
Dona Dida, marisqueira, mostrou a situação da água que sai da torneira de sua casa e disse também que não consegue mais pescar mariscos no rio.
“Faz muito tempo que a água está salgada. É horrível. Temos que comprar água mineral para poder beber ou subimos o rio de barco quando a maré está morta até Brejo Grande, em Sergipe, para buscar água doce. Não sei quando isso vai melhorar. Só quando Deus quiser”, lamenta.
Dona Dida diz que a água do rio não serve para cozinhar e nem para lavar roupas.
“Não faz nem espuma com sabão. O sal não deixa. Só Deus mandando chuva para as coisas melhorarem para a gente”.
Jurandir Santos, um pescador de 62 anos, vive desde os oito anos em Potengy. Ele lamenta a escassez de peixes.
“Até na maré morta a água fica salgada. Eu já deixei a pescaria, me aposentei. O pessoal só pesca mais de tarrafa, poucos peixes, carapeba e tainha. Um quilo ou dois quilos. Alguns pescadores já encontraram com tubarões. Quem era esse rio... Está cada vez mais se acabando. Mataram o rio. Só um mandado do Pai Eterno para salvar”.
Os pescadores de Potengy têm sobrevivido com o seguro-defeso, que recebem durante quatro meses do ano.

O São Francisco

O Rio São Francisco passa por cinco estados e 521 municípios, sendo sua nascente geográfica no município de Medeiros e sua nascente histórica na Serra da Canastra, no município de São Roque de Minas, centro-oeste de Minas Gerais. Seu percurso atravessa o estado da Bahia, fazendo sua divisa ao norte com Pernambuco, bem como constituindo a divisa natural dos estados de Sergipe e Alagoas e, por fim, deságua no Oceano Atlântico drenando uma área de aproximadamente 641 000 km². Seu comprimento medido a partir da nascente histórica é de 2 814 km, mas chega a 2 863 km quando medido ao longo do trecho geográfico.
O rio São Francisco, possui seis usinas hidrelétricas, atravessando regiões com condições naturais das mais diversas. O Velho Chico apresenta dois estirões navegáveis: o médio, com cerca de 1.371 quilômetros de extensão, entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA) / Petrolina  (PE) e o baixo, com 208 quilômetros, entre Piranhas (AL) e a foz, no Oceano Atlântico. 
http://tribunahoje.com/noticia/206645/interior/2017/03/28/so-um-milagre-de-deus-salva-o-so-francisco.html
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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terça-feira, 28 de março de 2017

O CURRÍCULO E A PRÁTICA DOCENTE

Por Francisco de Paula Melo Aguiar

O CURRÍCULO E A PRÁTICA DOCENTE 

Francisco de Paula Melo Aguiar¹
E-mail.: iespa@ig.com.br

RESUMO

O presente artigo define o termo currículo e sua aplicabilidade a prática docente em sala de aula. Faz uma relação do urso do vídeo na prática pedagógica e os conteúdos disciplinares curriculares. Menciona que o homem da aldeia global do século XXI tem a televisão e a escola como parte integrante de sua história social e cultural. Os alunos de todos os níveis e graus de ensino ficam horas sem  fins  expostos aos  programas de televisão com muita satisfação e até porque faz parte do seu lazer e de sua formação cultural no sentido positivo e/ou negativo, advindo daí suas mudanças de atitudes e de comportamentos, tendo em vista a reprodução dos hábitos e costumes sociais e culturais da mídia, segundo Mandarino (2002).

Palavras chaves: 1. Currículo; 2. Vídeo;  3. Docência;  4. Sala de aula.
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RESUMEN

En este artículo se define el término currículo y su aplicabilidad a la práctica docente en el aula. ¿Tiene una relación oso de vídeo en la práctica docente y el contenido de materia del programa. Menciona que el hombre de la aldea global del siglo XXI tiene la televisión y la escuela como parte de su historia social y cultural. Los estudiantes de todos los niveles educativos y grados son gusanos horas expuestos a programas de televisión con gran satisfacción e incluso como parte de su tiempo libre y formación cultural en el sentido positivo y / o negativo, de ahí que surja el cambio de actitudes y de sus comportamiento con el fin de reproducir los hábitos y prácticas sociales y culturales de los medios de comunicación, según Mandarino (2002).

Palabras clave: 1. Plan de estudios; 2. El video; 3. La enseñanza; 4. Aula.
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¹ Professor de Educação Básica; Especialista em Metodologia do Ensino Superior; Mestre em Ciências da Educação; Doutor em Psicanálise; Doutorando em Ciências da Educação/UPAP/Dez/2006.
[...] Enquanto o ensino discursa pelo âmbito do livro, o professor se sente forte, mas quando o mundo da imagem aparece, o professor perde o prumo, seu terreno se move, o aluno sabe mais e, sobretudo maneja melhor a linguagem da imagem do que o próprio professor. E, além disso, porque a imagem não se deixa ler com a unilateralidade de códigos que a escola aplica ao texto escrito. Diante do desmoronamento de sua autoridade perante o aluno, o professor não sabe reagir a não ser através da desautorização dos conhecimentos passados pela imagem. (MARTIN-BARBERO, 1999, p.29-30)
1.    A definição de currículo escolar
              Preliminarmente entendemos que o termo currículo deriva-se da palavra latina Scurrere e refere-se à corrida, curso e/ou o “curriculum”, cuja tradução ao pé-da-letra, significa: pista de corrida, uma vez que sintetiza a idéia do que somos e o que nos tornamos, basta querer. Segundo as teorias mais modernas sobre a compreensão enfocando o currículo, verifica-se um maior privilegio sobre o por quê? do que o quê?, tendo em vista o reflexo permanente do conjunto de práticas vivenciadas na instituição escolar. De modo que o pano de fundo para qualquer teoria sobre currículo é justamente, o de saber qual conhecimento deve ser ensinado, uma vez que o currículo é em síntese o resultado da seleção teórica (inclusão) pura e simples de conteúdos, bem como da exclusão de outros de maior ou de menor complexidade ou valor didático pedagógico.
           O calvinismo teve ascendência política no século XVII e assim sendo surgiu pioneiramente o conceito de currículo como sendo a seqüência estrutura ou disciplina, segundo Goodson (1995).
          O termo currículo é usado dentro e fora da sala de aula de várias maneiras e com vários sentidos, conceitos ou definições. Assim sendo, para distinguir o uso desse termo ou palavra no sentido de denotar o conteúdo  programático  de  um assunto  ou  da área  de  estudos específicos,  no  sentido d e  se  referir  ao  programa total das  disciplinas de uma  escola  de qualquer nível ou grau de ensino. De modo que o currículo é “o produto amorfo de gerações de remendões”, segundo Taba (1962, p. 8).
          A história das disciplinas escolares segundo a visão de diversos autores, dentre os quais podemos mencionar Chervel (1990), Herbrard (1990), Goodson (1995 e 1999), Hamilton (2001) e Júlia (2002), levando-se em consideração de que o currículo escolar na visão dos teóricos mencionados é uma construção moderna, tendo em vista a herança do movimento que tem como objetivo civilizar a chamada sociedade ocidental a começar do primado científico racional, conforme enfoca Souza (1998), Rocha (2000), e Viñao (1990).
          Segundo Macedo (2002), enfocando o pensamento complexo de Edgar Morin, bem como o pensamento multirreferencial de Jacques Ardroino, define currículo como terreno fértil para a constituição de uma teoria educacional mais ampla, tendo em vista que permite a interação coletiva de vários sujeitos, tais como, professores e alunos, nos espaços formal e informal.
           Na realidade não temos uma definição única de currículo, cada teórico tem o seu próprio conceito ou definição, de modo que Taba (1974), Macedo (2002), Saviani (2003), Silva (1999) e tantos outros teóricos, apesar de todos terem seus pontos de vista diferentes na maneira de conceituar o referido termo, por unanimidade convergem em identificar o currículo como produto da seleção cultural, onde estão inclui avaliação, organização, distribuição e conteúdos programáticos, compreendendo não apenas um conjunto de conhecimentos acadêmicos ou científicos e saberes organizados estruturalmente através de uma grade ou desenho curricular, acontecendo aí, também a ligação dos saberes e/ou conhecimentos científicos com o processo didático-pedagógico.
          A tendência linear e fechada do currículo defendida pelas diretrizes e/ou trajetórias do final do século XVI, através da influência protestante calvinista, via a Holanda e a Escócia, já não tem tanto significado para a elite educacional do século XXI em sala de aula.  Na realidade, o currículo deve ter seu planejamento e organização a planejamento aberto, tendo em que um currículo aberto, ético-politicamente afetado pelos acontecimentos, é um currículo que se politiza, na medida que acolhe, reflexivamente, os movimentos contraditórios do real; vive a dialogicidade e a dialeticidade da realidade, inclusive, disponibilizado a acolher o acontecimento e seu caráter desestruturante e estruturante, na organização e implementação dos saberes em articulação, onde o homem em educação continuada seria sempre a principal inquietação, segundo Macedo (2002, p. 61-62).
          Dessa forma, Silva (1999), afirma que “teoria é  uma representação,  uma  imagem, um reflexo, um signo de uma realidade que – cronologicamente, ontologicamente – a precede”. Assim sendo, por analogia, podemos afirmar de que a teoria é uma imagem, uma visão de mundo, segundo a razão fenomenal da de cada individuo, motivo pelo qual o currículo é algo vinculado a teoria multidimensional. Sem sombra de dúvida podemos afirmar de que o currículo é anterior a teoria, pois, serve apenas como instrumento necessário para dar uma explicação particular em cada caso e segundo o foco cronológico e social. E o mesmo teórico mencionado finaliza afirmando que “ao descrever um objeto, a teoria, de certo modo, inventa-o. O objeto que a teoria supostamente descreve é, efetivamente, um produto de sua criação”(Idem), tendo em vista a sua visão pós-estruturalista.
            As Teorias Curriculares Tradicionais afirmam que “o currículo aparece, assim, como o conjunto de objetivos de aprendizagem selecionados que devem dar lugar à criação de experiências apropriadas que tenham efeitos cumulativos avaliáveis, de modo que se possa manter o sistema numa revisão constante, para que nele se operem as oportunas reacomodações"  (SACRISTÁN, 2000, p. 46).
           E até porque é certo que,

[...] as pessoas podem construir por si mesmas, seus métodos de resolução de problemas, segundo seu próprio estilo de pensamento, que devem ser respeitados, identificados e incentivados pelos professores. (ALMEIDA, 1992, p. 155).

           Por outro lado, as Teorias Curriculares Críticas definem que “o currículo oculto é constituído por todos aqueles aspectos do ambiente escolar que, sem fazer parte do currículo oficial, explícito, contribuem, de forma implícita para aprendizagens sociais relevantes (...) o que se aprende no currículo oculto são fundamentalmente atitudes, comportamentos, valores e orientações...", segundo Silva (1999).
          Enquanto que as Teorias Curriculares Pós-críticas afirmam que “...o conhecimento não é exterior ao poder, o conhecimento não se opõe ao poder. O conhecimento não é aquilo que põe em xeque o poder: o conhecimento é parte inerente do poder (...), o mapa do poder é ampliado para incluir os processos de dominação centrados na raça, na etnia, no gênero e na sexualidade ", na concepção de Silva (1999). 
        As teorias do currículo tentam atender as necessidades atuais do mundo e sua globalização, valendo salientar que o mesmo será igualmente substituído e/ou adaptados a realidade de cada sociedade dentro do seu momento histórico vivenciado, segundo as verdades culturais e sociais.
              Evidentemente que o principal problema no tocante as teorias que tentam explicar de maneira convincente o currículo é justamente saber na realidade qual o conhecimento que deve ser ensinado na teoria e na prática ao individuo. É justamente o que ensinar? Levando-se em consideração os fundamentos de todas as teorias que tentam arranjar uma resposta para a referida pergunta, tendo em vista o caráter da multidimensionalidade do sujeito do aprendizado, onde estão presentes: a natureza humana, a natureza da aprendizagem e/ou a natureza do conhecimento, da cultura, da sociedade, da religião e/ou da natureza transcendental desse individuo. É justamente o que diferenciam as teorias entre si. De modo que uma teoria de currículo, na concepção de Silva (1999), é justamente encontrar uma resposta verdadeira para saber o que deve ser incluído ou excluído para ser ensinado como conhecimento aceito como básico para a formação da sociedade. Dessa forma, currículo é a construção de novos saberes ou conhecimentos, a visão de mundo, de sociedade, de nós e de outros seres humanos, a libertação dos preconceitos de todos os níveis e graus, fundados e infundados, os padrões sociais, religiosos, culturais e mentais incoerentes e inconseqüentes da nossa visão da realidade em si. E até porque, “privilegiar um tipo de conhecimento é uma operação de poder. Destacar, entre as múltiplas possibilidades, uma identidade ou subjetividade como sendo a ideal é uma operação de poder.”, ex-vi Silva (1999), pois, é justamente aí onde está o elemento que serve de separação entre as teorias tradicionais (que aceitam a verdade como incontestável) e as teorias críticas (o por quê?) do currículo.
            De modo que o currículo em todas as suas especificidades tem que explicar para que serve a escola e seus ensinamentos, de modo que:

Entretanto, o pensamento pedagógico contemporâneo não pode se esquivar de uma reflexão sobre a questão da cultura e dos elementos culturais dos diferentes tipos de escolhas educativas, sob pena de cair na superficialidade. (FORQUIN, 1993, p. 10).
             É importante mencionar que “as sociedades da modernidade tardia, são caracterizadas pela diferença; elas são atravessadas por diferentes divisões e antagonismos sociais que produzem uma variedade de deferentes posições de sujeito, isto é, identidades para os indivíduos”. (HALL, 1999).
            Da mesma maneira que Forquin (1993), afirma que “a cultura é considerada como o conjunto dos traços  característicos do  modo de  vida de  uma sociedade, de uma comunidade ou de um grupo, aí compreendidos os aspectos que podem considerar como os mais cotidianos, os mais triviais ou os mais inconfessáveis”. Pensar ideologicamente diferente em termos culturais, por exemplo, faz parte da individualidade de toda e qualquer sociedade.
            A cultura praticada dentro ou fora da escola nada mais é que “os valores, os hábitos e costumes, os comportamentos da classe dominante são aqueles que são considerados como constituindo a cultura. Os valores e hábitos de outras classes podem ser qualquer outra coisa, mas não são a cultura.”, tendo como base a concepção do pensamento de Silva (1999).
           Entendemos que quando falamos de escola, de cultura e de currículo, estamos na realidade falando das relações de poder, que na visão de Forquin (1993), tal relacionamento encontra-se implícito justamente “no currículo oculto que designara estas coisas que se adquirem na escola (saberes, competências, representações, papeis, valores) sem jamais configurar nos programas oficiais ou explícitos, seja porque elas realçam uma programação ideológica tanto mais imperiosa quanto mais ela é oculta”. Assim sendo, não existe sociedade sem ideologia e bem não existe saberes sem o enfoque ideológico de seus autores. Por outro lado, devemos compreender a ideologia como sendo a ciência das idéias, interessando assim não somente aos filósofos  e/ou ideólogos, apesar da conotação simplista pejorativa do termo, o que não é diferente diante da cultura inspiradora do currículo em qualquer dimensão histórica, filosófica, psicológica e ou política no mundo e ou na visão ideal de seus autores e ou criadores, e isso não importa se no socialismo e ou no capitalismo. Ter uma idéia é ter uma ideologia, não existe idéia neutra, seja ela acadêmica e/ou doutrinária de qualquer espécie.
          O currículo é a produção e/ou a reprodução permanente dos conflitos, tensões, compromissos culturais, religiosos, econômico, políticos e sociais que organizam e ao mesmo tempo desorganizam um povo, na concepção de Aplle (2000, p. 53).
Vale mencionar de que seja qual for a “Pedagogia” e seja qual for o “Currículo”, nenhum direta e ou indiretamente substituem os anteriores, em direção ao melhor e/ou perfeito, completo, acabado, pronto, mais avançado do que o outro. Porém, cada pedagogia, bem como cada currículo, envolvendo o “nós professores”, o “nós grupos”, o “nós ações”, o “nós palavras”, o “nós políticas”, o “nós países”, o “nós povos”, o “nós religiões”, o “nós famílias”, o “nós indivíduos”, o “nós idéias”, somos todos: metamorfoses, híbridos, mestiços, multifacéticos, polimorfos, de traços caleidoscópicos, pelo si e/ou pelo não em qualquer cultura do planeta Terra. Não importa que sejamos velhos, adultos e novos, pretos, mestiços e brancos, homens e mulheres, grandes e pequenos, ricos, pobres e desamparados sociais. Na realidade nua e crua somos os neutros e os da suspeita. Todos juntos somos muitos para compor e enfrentar o desafio educacional do século XXI na sua labuta diária em nossa práxis pedagógica.
O currículo escolar pode ser formal, real e oculto. É assim que tipificam os teóricos preocupados com a temática em qualquer academia em que qualquer continente até o momento conhecido e habitável humanamente falando.
Assim sendo, entende-se por currículo formal o conjunto de prescrições oriundas das diretrizes curriculares, produzidas tanto no âmbito nacional, a exemplo dos PCNs –Planos Currículares Nacionais da Educação Infantil, do Ensino Fundamental I e II e do Ensino Médio, quanto nas secretarias de educação estaduais e municipais e bem assim na própria escola, onde indica os documentos oficiais, nas propostas pedagógicas e nos regimentos escolares das instituições educacionais em todos os níveis e graus de ensino da Educação Básica, segundo a Lei nº 9.93/96 (BRASIL, 1996).
Por outro lado,  entendemos como currículo real a transposição pragmática do currículo formal, a interpretação que professores e alunos constroem, conjuntamente, no exercício cotidiano de enfrentamento das dificuldades, sejam conceituais, materiais, de relação entre professor e alunos e entre os alunos. São os resumos e ou as sínteses construídas por professores e alunos, a partir dos elementos do currículo formal e das experiências pessoais vivenciadas de cada um na construção de sua aprendizagem escolar e social.
O currículo oculto é aquele que escapa das prescrições, não foi planejamento, não consta dos conteúdos originários do currículo formal ou do real. São as práticas preconceituosas, discriminatórias e formas de compreensão e tratamentos envolvendo professor aluno. O currículo oculto também vai se manifestar, entre outras formas, na maneira como os funcionários tratam os alunos e seus pais, no modo de organização das salas de aula, no uso da quadra de esportes, no tipo de cartaz pendurado nas paredes, nas condições de higiene e conservação dos sanitários, no próprio espaço físico da escola como um todo.
            Assim sendo, o uso do vídeo na sala de aula, como tecnologia inovadora, propicia soluções imediatas para os problemas crônicos do ensino-aprendizagem, no desenvolvimento do currículo escolar, tendo em vista que o vídeo ajuda a um bom professor, atrai os alunos, mas não modifica substancialmente a relação pedagógica, tendo em visa que jamais substituirá a cultura e a inteligência do docente. Porém, é certo que aproxima a sala de aula do cotidiano, das linguagens de aprendizagem e comunicação da sociedade urbana, mas também introduz novas questões no processo educacional, segundo Moran (1995).
          Por analogia o vídeo está umbilicalmente ligado à televisão e a um contexto de lazer, e entretenimento, que passa imperceptivelmente para a sala de aula. E até porque, vídeo, na cabeça dos alunos, significa descanso e não "aula", o que modifica a postura, as expectativas em relação ao seu uso. Precisamos aproveitar essa expectativa positiva para atrair o aluno para os assuntos do nosso planejamento curricular e pedagógico. Mas ao mesmo tempo, saber que necessitamos prestar atenção para estabelecer novas pontes entre o vídeo e as outras dinâmicas da aula, segundo a visão de Moran(1995).
Para Santomé (1996, p.64), o currículo integrado é a “[...] forma de organizar os conteúdos culturais dos currículos de maneira significativa, de tal forma que desde o primeiro momento os alunos e alunas compreendem o quê e o porquê das tarefas escolares nas quais se envolvem”. Diante de tal afirmação o uso de vídeo em sala de aula passa a ter um papel especial, agradável e contextualizado no tocante a aprendizagem dos alunos, além de ser mais uma fonte de pesquisa usada pelos discentes, além de mostrar parte de sua realidade social e educacional.
            De modo que o pesquisador Moran (1995), menciona que o vídeo significa também uma forma de contar multilingüística, de superposição de códigos e significações, predominantemente audiovisuais, mais próxima da sensibilidade e prática do homem urbano e ainda distante da linguagem educacional, mais apoiada no discurso verbal-escrito.

2 - A prática pedagógica cotidiana

A prática pedagógica que se realiza na sala de aula não existe de forma autônoma e independente; elas se encontram entrelaçadas entre si e com outras práticas, não necessariamente pedagógicas, que estão inseridas no currículo escolar. Para poder compreender melhor essas práticas de sala de aula, e em especial as que de uma e/ou outra forma se relacionam com o vídeo-cassete, é preciso situá-las no currículo escolar, e, para tal, é preciso entender o currículo escolar como um processo que se constitui dentro e fora da sala de aula, e também dentro e fora do sistema de ensino. Isso significa dizer que o currículo escolar é fruto da interação permanente de diversas esferas de influência, como: sociais, políticas, econômicas, históricas, sociológicas, administrativas, tecnológicas, entre outras, agindo cada uma de sua forma, com maior e/ou menor interferência na construção do currículo pretendido. E assim sendo,

[...] o currículo faz parte, na realidade, de múltiplos tipos de práticas que não podem reduzir-se unicamente à prática pedagógica de ensino; ações que são de ordem política, administrativa, de supervisão, de produção de meios, de criação intelectual, de avaliação, etc., e que, enquanto são subsistemas em parte autônomos e interdependentes, geram forças que incidem na ação pedagógica (SACRISTÁN, 1998, p. 22).

           Pensando o currículo escolar a partir das práticas que o constituem, provindas das esferas político/administrativa, tecnológica e de produção de meios, de organização escolar, de execução de tarefas e de processos de avaliação e reavaliação, terei uma visão ampla que contempla o processo em algumas dimensões, nas quais se inserem as práticas pedagógicas que são o foco deste trabalho. Para compreender o que chamo de como currículo escolar, apoiado em Sacristán (1998a, p. 138), verei o currículo a partir de algumas dimensões que não o representam como um todo, porque precisam ser constantemente reorganizadas e retomadas, mas podem ajudar a situar o que chamo de práticas pedagógicas e sua relação com o vídeo.
3 - O currículo como processo sociocultural

            Ao propor o currículo escolar como um processo que se desenvolve dentro e fora da instituição escolar, Sacristán (1998a) aponta para cinco dimensões em que o currículo pode ser fixado, por assim dizer, para efeito de estudo, como sendo: um currículo prescrito e regulamentado; um currículo planejado; um currículo organizado; um currículo em ação e um currículo avaliado. Não são dimensões estanques, elas se relacionam, se entrelaçam e estão em constante negociação, retomada e reorganização, existe ai uma interdisciplinaridade de contexto. Em cada uma dessas dimensões do currículo, ele é modelado com mais e/ou menos intensidade pelos interesses de esferas e/ou instituições sociais, políticas, administrativas, econômicas, tecnológicas, e até mesmo pelos administradores, docentes e discentes.
            O currículo escolar prescrito e regulamentado se expressa em forma de documentos curriculares, como é, por exemplo: os Paradigma Curriculares Nacionais do MEC no Brasil, que definem os conhecimentos escolares e normas, oriundos das esferas política e administrativa: “A política é um primeiro condicionante direto do currículo, enquanto regula, e indiretamente através de sua ação em outros agentes moldadores” (SACRISTÁN, 1998, p. 109). Nessa dimensão, o currículo escolar é um elemento regulador das práticas pedagógicas como elemento prescritivo e como agente que atua sobre outras instâncias que nele interferem, como por exemplo: as editoras de livros didáticos. O currículo prescrito e regulamentado define, entre outras coisas, os conhecimentos escolares mínimos que devem ser ensinados e uma cultura comum. Em outras palavras, tem uma função de homogeneidade. Sua importância reside na definição de grandes opções pedagógicas, mas não é eficiente para orientar a prática cotidiana dos docentes.
             A tradução para a prática das orientações oficiais é uma tarefa que, na maioria das vezes, foge às possibilidades dos docentes que atuam em sala de aula. Muitas vezes, eles estão à mercê das políticas  educacionais,  e/ou  até mesmo das  pressões  socioeconômicas.  Essa tradução  é  uma  das funções  que  “os  meios  didáticos  cumprem,  mas  sobretudo,  os guias didáticos e os livros-texto, que são os autênticos responsáveis pela aproximação das prescrições curriculares aos professores” (SACRISTÁN, 1998, p. 149).
              Os meios didáticos podem interferir fortemente no currículo escolar planejado. E os educadores, por carências na sua formação na área de pedagógica e com dificuldades para fazer uma análise crítica em profundidade, acabam submetendo-se a um currículo apresentado pelas editoras de livros, produtores de materiais de apoio, produtores de vídeos e audiovisuais, entre outros. É o currículo preparado para o consumo de docentes e discentes, e se apresenta como auxiliar do docente na preparação das tarefas e atividades pedagógicas práticas. Essa é uma face bastante polêmica do currículo, porque é, em grande parte, definida por agentes externos, portanto, alheios ao que se passa em sala de aula em cada turma e instituição escolar, são realidades distintas e diversificadas. Nessa dimensão é que o currículo sofre maior influência do mundo econômico externo, pois a produção desses meios é uma atividade econômica que não depende nem da escola nem dos poderes públicos.
           Os materiais produzidos para esse fim, em geral, são esquemáticos, genéricos e superficiais, “daí que, do ponto de vista cultural, sejam produtos estereotipados e, em muitos casos, bastante deficientes” (SACRISTÁN, 1998, p. 152). Diante desses materiais preparados para a aplicação prática, estão os professores e a organização escolar, que, por sua vez, fazem planos e contextualizam as práticas educativas. Pode-se, então, definir outra dimensão: o currículo escolar organizado no contexto da instituição educacional.
           No contexto da escola é que aparece, de forma mais definida, a atuação do docente, sua formação e seus conceitos. Ao organizar os conhecimentos escolares e prever as práticas a se realizarem na sala de aula, os professores atuam sobre o currículo de forma mais e/ou menos autônoma. No entanto, fica claro que,

[...] a atividade dos professores é uma ação que transcorre dentro de uma instituição. Por esta razão sua prática está inevitavelmente condicionada. A ação observável é fruto da modelação que os professores realizam dentro de campos institucionais de referência. [...]O professor não decide sua ação no vazio, mas no contexto da realidade de um local de trabalho, numa instituição que tem suas normas de funcionamento marcadas às vezes pela administração, pela política curricular, pelos órgãos de governo de uma escola ou pela simples tradição que aceita sem discutir (SACRISTÁN, 1998, p. 166-167).

           Nesse contexto, atuam as instâncias administrativas, disponibilizando os meios e recursos para os docentes. Essa dimensão apresenta-se através dos planos de aula, que mostram o currículo escolar contextualizado numa determinada escola.
          No planejamento das aulas, podemos ver, em parte, a ação mediadora dos docentes, apesar de sua limitada autonomia. O currículo escolar em ação pressupõe práticas educativas quando os docentes desencadeiam ações planejadas, das quais têm controle apenas parcial, adaptando-as e corrigindo-as, à medida que a ação acontece. Aí o currículo escolar se configura nas práticas pedagógicas, que, por sua vez, são conjuntos de tarefas que vão sendo realizadas no tempo da aula, não se restringindo ao espaço de sala de aula, considerando que,

[...] o conjunto de tarefas de aprendizagem que os alunos/as realizam, das quais extraem a experiência educativa real, que podem ser analisadas nos cadernos e na interação da aula e que são, em parte, reguladas pelos planos ou programações dos professores (-as) – é o chamado currículo em ação. Este nível de avaliado, é o conteúdo real da prática educativa, porque é onde o saber e a cultura adquirem sentido na interação e no trabalho cotidianos (SACRISTÁN, 1998a, p. 138).

É na ação da sala de aula, predominantemente, que acontece o processo de ensino-aprendizagem, e onde o docente tem sua ação mediadora mais evidente. Na sala de aula, o docente lida, constantemente, com um grande número de situações imprevisíveis. Isso põe em jogo, a cada instante, seu poder de decisão. Na prática, os docentes utilizam esquemas simplificadores da ação, as tarefas, que estruturam a prática docente. Essas tarefas, como esquemas simplificadores, são elementos reguladores e, de certa forma, filtram as inovações e/ou são elas próprias inovadoras, ao se apresentarem como formas inovadoras de trabalhar determinados conhecimentos. Os saberes escolares (propostos pelo currículo escolar) e formas de trabalhar os mesmos (tarefas/atividades), em grande parte, determinam as aprendizagens na prática. As tarefas propostas pelo docente, dependendo de sua natureza, vão possibilitando ao aluno a memorização, a compreensão, a criação de rotinas ou procedimentos, a formação de opinião e a descoberta de conhecimentos escolares. Tanto é assim que “a própria tarefa acadêmica é também por si mesma todo um ambiente, fonte de aprendizagens múltiplas: intelectuais, afetivas, sociais, etc. e é um recurso organizador da conduta nos ambientes escolares” (SACRISTÁN, 1998, p. 225).
É nessa dimensão do currículo escolar em ação que este trabalho se centrará, já que me interessa mais diretamente o ambiente da sala de aula e a sua relação com o uso vídeo em sala de aula. No entanto, não podemos esquecer, é claro, que essa dimensão faz parte de um processo, não existe isolada e é controlada tanto de dentro da sala de aula, pelas tarefas de avaliação do docente, como externamente, pelas exigências da sociedade e dos sistemas avaliativos instituídos, como por exemplo, o Exame Nacional de Curso - ENADE do MEC, no aos cursos de graduação e formação do magistério da Educação Básica.  Essa   é  uma  das dimensões do currículo escolar avaliado, submetido às práticas avaliativas de controle interno e externo, mais do que práticas avaliativas críticas e de revisão e ou fortalecimento. Portanto, essa pode ser uma dimensão de análise para compreender o currículo escolar, a avaliação, pois, ao buscarmos a compreensão que é exigida no final de uma etapa de aprendizagem, podemos também ter uma compreensão do que é proposto previamente pelo currículo. A avaliação aparece de duas formas: uma ostensiva, como é o caso daquela que o docente e/ou a escola fazem, visando à aprovação do aluno para uma etapa seguinte, e/ou a que é feita externamente pelos órgãos governamentais, outra discreta, que é realizada pelas exigências da sociedade e do mercado de trabalho, que aprovam e/ou desaprovam os conhecimentos mínimos e os processos de ensino.
           Ao analisar o currículo escolar dessa forma processual, vimos que, em cada uma dessas manifestações, o currículo apresenta-se de uma maneira diferente. Também vimos que em cada uma dessas etapas e/ou dimensões o currículo sofre diferentes influências de outras instâncias sociais, não necessariamente ligadas ao sistema de ensino. O currículo regulamentado sofre a influência do poder público, o planejado, de instâncias externas à escola e dos docentes, o organizado, do entorno da escola, o em ação, dos conhecimentos escolares, crenças, valores morais e sociais, e, finalmente, o avaliado, pela sociedade, pelo mercado, pelo poder público, e também internamente, pela instituição e docentes. Essas influências reforçam a idéia de um currículo inserido em um sistema ecológico em que qualquer alteração em um dos elementos implica modificação dos outros.
            Assim sendo, falo numa perspectiva ecológica do processo curricular e de ensino, apoiado em Ferrés (1996b, p. 31s). Uma comunidade, uma escola, o currículo e/ou uma sala de aula podem ser vistos como um sistema em que os processos e conhecimentos estão ecologicamente equilibrados. Entretanto, qualquer inovação ou outra forma de alteração provocará um desequilíbrio, que poderá desencadear um processo de rejeição, adaptação, acomodação e/ou negociação com o novo, por exemplo. Seus efeitos são mais amplos do que a escola, pois o currículo não se reduz às práticas de sala de aula, ao que é determinado, planejado, executado e/ou avaliado, e, sim, desenvolve-se como um processo social dinâmico em que muitas instâncias interferem, e ele próprio vai além dos muros da escola.

4 – O currículo e as práticas pedagógicas inovadoras

            Enquanto processo político e sociocultural, o currículo escolar apresenta-se intimamente articulado às comunidades e/ou à sociedade com as quais interage mais de perto. Não só reproduz como produz conhecimentos, valores, formas de pensar, sentir e agir. Mais do que isso, ele próprio exige mudanças para responder às exigências sociais e, por sua vez, produz inovações. Por isso, Sacristán (1998b, p. 207s), define o desenvolvimento do currículo escolar na prática como indeterminado, passível de alterações e imprevisível antes de ser realizado. Nessa concepção, não se admite a precisão de planos, nem de resultados previstos, mas passamos a contar, para a tomada de decisões, com outros fatores que interferem na organização curricular, nas práticas pedagógicas e nos resultados. A prática educativa é uma realidade complexa e indeterminada em função de condições como: multidimensionalidade, simultaneidade, rapidez nas decisões, não-previsibilidade, e até porque fica evidenciado que,

[...] por essa carência ou impossibilidade de regulação total e determinante é que se diz que as atividades de ensino em geral – e o plano é uma – têm uma dimensão artística, o que não significa que sejam processos nos quais não se podem aplicar certos princípios orientadores, observar algumas regularidades gerais, acumular experiência e aproveitar modelos que parecem dar bons resultados em outros casos (SACRISTÁN, 1998b, p. 209).

Essa concepção da prática educativa como arte deve-se principalmente ao fato de que cada situação se configura como única, tanto pelas pessoas e/ou profissionais envolvidos como pelas circunstâncias, uma vez que,

[...] o ensino é artístico, pois os fins obtidos vão se originando ou adquirem significado no próprio processo de seu desenvolvimento prático, no sentido de que não se pode prever de antemão com um significado preciso, senão que, partindo de idéias e aspirações, encontramos seu valor quando se realizam (SACRISTÁN, 1998b, p. 210).

            O ensino pode ser qualificado dessa forma, pois exige de quem o pratica intuição, criatividade, expressividade e organização. A cada instante, o docente lida com circunstâncias novas e imprevistas, que exigem dele múltiplos conhecimentos, incluindo-se aí o bom senso: “Continuamos instalados na incerteza como forma de pensar, o que não significa improviso, na qual os protagonistas da prática se destacam por seu valor mediador” (SACRISTÁN, 1998b, p. 210).
               Na sua dimensão criativa, o currículo escolar e as práticas de sala de aula são produzidas mais pelas circunstâncias, pelas formas peculiares de cada docente e discente reagirem diante do inesperado do que pelo plano elaborado a priori. Além do mais, é essa dimensão do currículo que mais poderá interferir no sistema social em que está contextualizado e/ou inserido, rompendo com conhecimentos, valores e formas de agir, e, por isso, podemos atribuir-lhe um lugar especial para a mudança e para a inovação, aceitando o novo.
            Se, de um lado, algumas dimensões do currículo atuam como elementos de regulação e conservação como instâncias unificadoras das ações de ensino, apoiadas na regulamentação oficial, nos conteúdos dos livros-texto e materiais didáticos e dirigidas pelas avaliações externas, quer dos sistemas avaliativos oficiais, quer do mercado de outro lado, estão os docentes e discentes a conviver e interagir em vários ambientes que se entrelaçam em suas vidas, dentre os quais está o ambiente escolar, onde atua o currículo na sua dimensão em ação. Nesse espaço, onde o currículo é traduzido em atividades que configuram as práticas educativas, o docente insere o novo, o específico, o diferente, modificando as determinações de saberes curriculares e planos que vêm de fora: “[...] é que não se planeja esta prática ex-novo, desde o nada, já que se desenvolve historicamente em circunstâncias determinadas; o professor não cria as condições de ensino, muitas vezes vêm dadas” (SACRISTÁN, 1998b, p. 206).
Os problemas, as inovações e as transformações que acontecem, quer nos costumes, nas tecnologias, nos recursos e/ou nas decisões políticas e/ou econômicas de uma sociedade, atingem as práticas educativas da sala de aula antes de atingir as outras dimensões do currículo, pois é nelas que interagem os docentes e os discentes com os outros ambientes e/ou instâncias sociais das quais participam. Por isso, o primeiro lugar onde atuam as mudanças é na prática, e na sala de aula, muitas delas unem-se e/ou defrontam-se com mudanças propostas pelos docentes, e/ou questionamentos e inovações trazidas pelos discentes a partir de sua própria cultura.
            Também é na sala de aula que constatamos a presença de determinações sociais, quer inovadoras, quer conservadoras, dando significado às práticas pedagógicas. Convivem, portanto, as várias dimensões do currículo na sala de aula, mesclando-se ora com predominâncias prescritivas, ora avaliativas, envolvendo conhecimentos, crenças e valores a serem conservados e/ou transgredidos.
             Além disso, enquanto ação, a sala de aula apresenta-se impregnada de desejos de transformação e busca de soluções criativas para os problemas apresentados pela sociedade.
Nesse espaço, onde atuam forças, às vezes, antagônicas, insere-se o vídeo não só como tecnologia, mas também como linguagem. Se hoje está presente na sala de aula, significa que existe uma necessidade de compreensão e adequação do currículo escolar à forma de o vídeo produzir sentido, o que exigirá da escola, dos docentes e discentes aprender como ele pode integrar-se às propostas curriculares. A sua presença na sala de aula gera tensões, que precisam ser compreendidas, avaliadas e estudadas, até para compreendermos a abrangência das transformações que ele pode impor aos outros elementos que fazem parte do processo.
Ao eleger o currículo escolar em ação como o ambiente mais propício para as transformações originadas em outros ambientes da sociedade e inseridas no processo educativo, também o enfoco como um lugar privilegiado para o estudo e a pesquisa sobre que mediações ocorrem, como docentes e discentes se apropriam de suas linguagens, seu modo de produzir sentido, e quais desafios se apresentam diante dessas interações. Para tal, preciso conhecer o vídeo como tecnologia e como ambiente de múltiplas linguagens e possibilidades de aprendizagens formais e informais, capaz de inserir o novo e/ou conservarem processos que já não são mais significativos aos alunos e à sociedade, e até porque o mundo globalizado precisa urgentemente de profissionais de qualquer área de conhecimento, inclusive na educação, que lutem para ter autoconhecimento, poder de imaginação, foco na meta, atualização constante, aprendizado em equipe e compreensão dos sistemas, onde deverá ter analise e compreensão para entender as inter-relações do sistema escolar, na sala de aula e na comunidade, bem como se permitir mudanças constantes e com a maior agilidade possível, haja vista o uso das tecnologias modernas na educação formal e informal.
             As novas tecnologias representadas pela televisão tradicional, do vídeo, da televisão a cabo, dos computadores e da rede mundial conhecida como internet, estão abertas plenamente para serem usadas em todos os níveis e graus de ensino em qualquer parte do mundo, conforme Moran (1996), quando da realização do XXVIII Seminário Brasileiro de Tecnologia Educacional, realizado no Rio de Janeiro.
            Em síntese, o homem da aldeia global do século XXI tem a televisão e a escola como parte integrante de sua história social e cultural. Os alunos de todos os níveis e graus de ensino ficam horas sem  fins  expostos aos  programas de televisão com muita satisfação e até porque faz parte do seu lazer e de sua formação cultural no sentido positivo e/ou negativo, advindo daí suas mudanças de atitudes e de comportamentos, tendo em vista a reprodução dos hábitos e costumes sociais e culturais da mídia, segundo Mandarino (2002).
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Artigo escrito em 11/12/2006.
Publicado no Recanto das Letras  in.: http://www.recantodasletras.com.br/trabalhosacademicos/5951967


Enviado pelo escritor Francisco de Paula Melo Aguiar


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